sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

COLÓQUIO ÍNTIMO

Jesus — tu me amas. Eu te amo. Não posso prescindir do teu amor, desse amor que significa tua presença em mim. Em tal importa o testemunho do quanto me queres. Sim, do quanto me queres, digo bem pois tu te dignas de entrar em contacto comido, apesar mesmo da imensurável distância em que me encontro da tua perfeição.
Tu me amaste primeiro. Eu ainda não te conhecia e tu já me amavas. Eu nada sabia de ti e tu já te havias sacrificado por mim.
Um dia senti de leve, muito leve, a influência do teu amor. Minha alma começou desde logo a despertar e a perceber em si própria a alvorada de uma vida nova.
Só então compreendi que ninguém pode ser ingrato em todo o tempo, nem permanecer insensível à influência do teu amor.
Certamente por isso tu disseste: Quando eu for levantado na cruz, atrairei todos a mim. Eu senti em mim o poder irresistível dessa atração, tal como a limalha que corre célere para o imã.
Perceber o teu amor é descobrir a fonte da vida eterna. Dizem que o amor é indefinível. João Evangelista confirma essa asserção, quando assim se exprime: "Deus é amor". Definiu o indefinível com o indefinível. Mas, tu, que és a luz do mundo, asseveraste com a autoridade da tua palavra, sempre confirmada, que nada há oculto que não seja revelado. E' assim que me revelaste o mistério o amor, através da tua comunhão comigo. O contacto contigo esclarece perfeitamente o que seja aquele sentimento, de cujo cultivo depende a solução de todos os problemas da vida, por isso que encerra toda a lei e toda a profecia.
Portanto, definirei o amor como a emoção que o Espírito encerrado no ergástulo da carne experimenta, quando em comunhão com o divino. De ti aprendi que é assim; e, como eu, todos os que já te conhecem.
Toda vez que tu me permites receber o ósculo celeste, percebo em mim o teu amor.A Lei veio por Moisés, mas a verdade e a graça vieram por ti. Vejo na sanção da Lei a dor, como efeito de causas por nós mesmos geradas. Vejo na graça a expressão do amor divino, atraindo o homem às regiões da luz.
Pela dor e pelo amor — pela Lei e pela graça — a redenção se opera e a morte é tragada na vitória.
Tu és o reflexo do amor de Deus, porque estás em íntima e perfeita comunhão com Ele. Sentir o teu amor é sentir o amor de Deus.
Não há dois amores: um só amor existe. Todavia, o amor se manifesta sob intensidades várias, como a Luz. Neste particular, é-me dado operar com o amor uma maravilha que a ti, a despeito de todo o poder que o Pai te concedeu no Céu e na Terra, não te é dado. O meu amor por ti cresce, aumenta continuamente, à medida que mais e melhor te conheço; mas, tu não podes fazer o mesmo, porque o amor, em ti, se ostenta em sua plenitude. Tu não me podes amar mais do que me amas; porém, eu te posso amar, e realmente te amo e amar-te-ei cada vez mais, até que o meu amor alcance a plenitude do teu.

E assim se vem cumprindo a tua profecia: Quando eu for levantado na cruz, atrairei todos a mim.
Vinicius (Pedro de Camargo) – Em torno do Mestre

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