quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A ORAÇÃO DOMINICAL


(Continuação do Livro "Boa Nova" de Humberto de Campos  psicografada por Chico Xavier)
Curada pelo Mestre Divino, a sogra de Simão Pedro ficara maravilhada com os poderes ocultos do Nazareno humilde, que falava em nome de Deus, enlaçando os corações com a sua fé profunda e ardente. Restabelecida em sua saúde, passou a reflexionar mais atentamente acerca do Pai que está nos céus, sempre proveito a atender às súplicas dos filhos. Chamando certo dia o genro para um exame detido do assunto, consultou-o sobre a possibilidade de pedirem a Jesus favores excepcionais para a sua família. Lembrava-lhe a circunstância de ser o Mestre um emissário poderoso do Reino de Deus que parecia muito próximo. Concitava-o a ponderar ao Messias que eles eram dos seus primeiros colaboradores sinceros e a enumerar-lhe as necessidades prementes da família, a exiguidade do dinheiro, o peso dos serviços domésticos, a casa pobre de recursos, situação a que as imensas possibilidades de Jesus, cheio de poderes prodigiosos, seriam capazes de remediar.
O pescador simples e generoso, tentado em seus sentimentos humanos, examinou aquelas observações destinadas a lhe abrir os olhos com referência ao futuro. Entretanto, refletiu que Jesus era Mestre e nunca desprezava qualquer ensejo de bem ensinar o que era realmente proveitoso aos discípulos. Acaso, não saberia ele o melhor caminho? Não viam em sua presença alguma coisa da própria presença de Deus? Guardando, contudo, indeciso o espírito, em face das ponderações familiares, buscou uma oportunidade de falar com o Messias acerca do assunto.
***
Chegada que foi a ocasião, o apóstolo procurou provocar muito de leve a solução do problema, perguntando a Jesus, com a sua sinceridade ingênua:
– Mestre, será que Deus nos ouve todas as orações?
– Como não, Pedro? – respondeu Jesus solicitamente – Desde que começou a raciocinar, observou o homem que acima de seus poderes reduzidos, havia um poder ilimitado, que lhe criara o ambiente da vida. Todas as criaturas nascem com tendência para o mais alto e experimentam a necessidade de comungar com esse plano elevado, donde o Pai nos acompanha com o seu amor, todo justiça e sabedoria, onde as preces dos homens o procuram sob nomes diversos. Acreditarias, Simão, que, em todos os séculos da vida humana, recorreriam as almas, incessantemente, a uma porta silenciosa e inflexível, se nenhum resultado obtivessem?... Não tenhas dúvida: todas as nossas orações são ouvidas!...
– No entanto – exclamou respeitoso o discípulo – se Deus ouve as súplicas de todos os seres, por que tamanha diferenças na sorte? Por que razão sou obrigado a pescar para prover à subsistência, quando Levi ganha bom salário no serviço dos impostos, com a sabedoria dos livros? Como explicar que Joana disponha de servas numerosas, quando minha mulher é obrigada a plantar e cuidar a nossa horta?
Jesus ouviu atento essas suas palavra e retrucou :
– Pedro, precisamos não esquecer que o mundo pertence a Deus e que todos somos seus servidores. Os trabalhos variam, conforme a capacidade do nosso esforço. Hoje pescas, amanhã pregarás a palavra divina do Evangelho. Todo trabalho honesto é de Deus. Quem escreve com a sabedoria dos pergaminhos não é maior do que aquele que traça a leira laboriosa e fértil, com a sabedoria da terra. O escriba sincero, que cuida dos dispositivos da lei, é irmão do lavrador bem intencionado que cuida do sustento da vida. Um cultiva as flores do pensamento, outro as do trigal que o Pai protege e abençoa. Achas que uma casa estaria completa sem as mãos abnegadas que lhe varrem os detritos?
Se todos os filhos de Deus se dispusessem a cobrar impostos, quem os pagaria? Vês, portanto, que, antes de qualquer consideração, é preciso santificar todo trabalho útil, como quem sabe que o mundo é morada de Deus.
“Já pensaste que, se a tua esposa cuida das plantas de tua horta, Joana de Cuza educa as suas servas?! A qual das duas cabe responsabilidade maior, à tua mulher que cultiva os legumes, ou à nossa irmã que tem algumas filhas de Deus sob sua proteção? Quem poderá garantir que Joana terá essa, responsabilidade por toda a vida? No mundo, há grandes generais que apesar das suas vitórias passam também pelas duras experiências de seus soldados. Assim, Pedro, precisamos considerar, em definitivo, que somos filhos e servos de Deus, antes de qualquer outro título convencional, dentro da vida humana. Necessário é, pois,que disponhamos o nosso coração a bem servi-lo, seja como rei ou como escravo, certos de que o Pai nos conhece a todos e nos conduz ao trabalho ou à posição que mereçamos.”
O discípulo ouvindo aquelas explicações judiciosas e, confortado com os esclarecimentos recebidos, interrogou:
– Mestre, como deveremos interpretar a oração?
– Em tudo – elucidou Jesus – deve a oração construir o nosso recurso permanente de comunhão ininterrupta com Deus; Nesse intercâmbio incessante, as criaturas devem apresentar ao Pai, no segredo das íntimas aspirações, os seus anelos e esperanças, dúvidas e amargores. Essas confidencias lhes atenuarão os cansaços do mundo, restaurando-lhes as energias, porque Deus lhes concederá de sua luz. É necessário, portanto, cultivar a prece, para que ela se torne um elemento natural da vida, como a respiração. É indispensável conheçamos o meio seguro de nos identificarmos com o Nosso Pai.
“Entretanto, Pedro, observamos que os homens não se lembram do céu, senão nos dias de incerteza e angústia do coração. Se a ameaça é cruel e iminente o desastre, se a morte do corpo é irremediável, os mais fortes dobram os joelhos; Mas quanto não deverá sentir-se o Pai amoroso e leal de que somente o procurem os filhos nos momentos do infortúnio, por eles criados com as suas próprias mãos? Em face do relaxamento dessas relações sagradas, por parte dos homens, indiferentes ao carinho paternal da Providência que tudo lhes concede de útil e agradável, improfìcuamente desejará o filho uma solução imediata para as suas necessidades e problemas, sem remediar ao longo afastamento em que se conservou do Pai no percurso, postergando-Lhe os desígnios, respeito às suas questões íntimas e profundas.”
Simão Pedro ouvia o Mestre com uma compreensão nova. Não podia apreender a amplitude daqueles conceitos que transcendiam o âmbito da educação que recebera, mas procurava perceber o alcance daquelas elucidações, afim de cultivar o intercâmbio perfeito com o Pai sábio e amoroso, cuja assistência generosa Jesus revelara, dentro da luz dos seus Divinos ensinamentos.
***
Decorridos alguns dias, estando o Mestre a ensinar aos companheiros uma nova lição referente ao impulso natural da prece, Simão lhe observou:
– Senhor, tenho procurado, por todos os modos, manter inalterável a minha comunhão com Deus, mas não tenho alcançado o objetivo de minhas súplicas.
– E o que tens pedido a Deus? – Interrogou o Mestre, sem se perturbar.
– Tenho implorado à sua bondade que aplaine os meus caminhos, com a solução de certos problemas materiais.
Jesus contemplou longamente o discípulo, como se examinasse a fragilidade dos elementos intelectuais de que podia dispor para a realização da obra evangélica. Contudo, evidenciando mais uma vez o seu profundo amor e boa vontade, esclareceu com brandura e convicção:
– Pedro, enquanto orares pedindo ao Pai a satisfação de teus desejos e caprichos, é possível que te retires da prece inquieto e desalentado. Mas, sempre que solicitares as bênçãos de Deus, afim de compreenderes a sua vontade justa e sábia, a teu respeito, receberás,pela oração os bens divinos do consolo e da paz.
O apóstolo guardou silêncio, demonstrando haver, afinal, compreendido. Um dos filhos de Alfeu, porém, reconhecendo que o assunto interessava sobremaneira à pequena comunidade ali reunida, adiantou-se para Jesus, pedindo:
– Senhor, ensina-nos a orar!...
Dispondo-os então em círculo e como se mergulhasse o pensamento num invisível oceano de luz, o Messias pronunciou, pela primeira vez, a oração que legaria à humanidade.
Elevando o seu espírito magnânimo ao Pai Celestial e colocando o seu amor acima de todas as coisas, Jesus nos ensinou a orar:
- “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.”
E, ponderando que a redenção da criatura nunca se poderá efetuar sem a misericórdia do Criador, considerada a imensa bagagem das imperfeições humanas, continuou:
- “Venha a nós o teu reino.”
Dando a entender que a vontade de Deus, amorosa e justa, deve cumprir-se em todas as circunstâncias, acrescentou:
- “Seja feita a tua vontade, assim na Terra como nos céus,”
Esclarecendo que todas as possibilidades de saúde, trabalho e experiência chegam invariavelmente, para os homens, da fonte sagrada da proteção divina, prosseguiu:
- “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”
Mostrando que as criaturas estão sempre sob a ação da lei de compensações e que cada uma precisa desvencilhar-se das penosas algemas obscuras pela exemplificação sublime do amor, acentuou:
- “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.”
Conhecedor, porém, das fragilidades humanas, para estabelecer o princípio da luta eterna dos cristãos contra o mal, terminou a sua oração, dizendo com simplicidade:
- “Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo o mal, porque teus são o reino, o poder e a glória para sempre.
Assim seja.”
Levi, o mais intelectual dos discípulos, tomou nota das sagradas palavras, para que a prece do Senhor fosse guardada em seus corações humildes e simples. A rogativa de Jesus continha, em síntese, todo o programa de esforço e edificação do Cristianismo nascente. Desde aquele dia memorável, a oração singela de Jesus se espalhou como um perfume dos céus pelo mundo inteiro.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Unidade Sociedade - Prece e Passe

PLANO DE AULA

Unidade: Sociedade

Tema: Prece e Passe

CONTEÚDO

Deus na sua infinita misericórdia nos ofereceu a oportunidade de entrar em contato com Ele por meio da prece. A prece é uma conversa que travamos com o Pai e seus abnegados trabalhadores do bem. Nesse momento explanamos nossos sentimentos e agradecemos, pedimos ou glorificamos o Senhor. Outro mecanismo de ajuda que Deus nos disponibilizou é o passe, onde trabalhadores do bem encarnados nos renovam os fluídos afastando de nossos corações energias deletérias e nos doando bons fluídos.  No momento do passe precisamos estar pensando em coisas boas para que possamos receber os bons fluídos. 

OBJETIVO

·         Entender o que é prece (quais os tipos, qual a finalidade, onde e como orar, e seus benefícios);
·         Compreender o que é o passe (importância, finalidade, benefícios).


TÉCNICAS:

Atividade Expositiva :  Prece: cartaz importância da prece
                                                 Passe: encher o copo e complementar o cartaz da prece
Material                     :. Cartaz da prece e do passe bacia, garrafa pet com água, copo de plástico figuras para montagem do cartaz


Atividade Criativa : Pintura, desenho, revistas para recorte de figuras
Material                : papel com figuras para pintura e colagem, revista para recortar


DESENVOLVIMENTO

1. Passe
2. Prece e atividade de harmonização
3. Higienização das mãos e café
4. Atividade expositiva: montar um cartaz iniciando com a colagem de uma criança dentro de um cômodo de uma casa só. Perguntar as crianças se elas estivessem sozinhas e quisessem conversar, com quem elas falariam? Neste momento colar no topo, em uma área fora do cômodo a imagem de jesus. E dizer que nesses momentos podemos conversar com jesus. Colar com fita gomada palavras que mostram os sentimentos de uma criança dentro de um balão para representar seu pensamento e ir explicando o que podemos conversar com jesus (agradecer algo, pedir ou glorificar o pai).
5. Atividade criativa: distribuir material para pintar para os menores e caça palavras para os maiores
6. Atividade expositiva: introduzir o tema passe lembrando que jesus fazia isso, depois mostrar as figuras de como estamos e como ficamos depois do passe. Após isso colocar o copo de cabeça para baixo na bacia e jogar água, perguntar as crianças se encheu o copo, depois virar com a boca para cima e jogar novamente água e perguntar se enchemos o copo. Colocar um cartaz com uma criança de olhos fechados sentada na posição de receber o passe com jesus no topo e um adulto na posição de dar o passe. Num canto próximo da lateral do cartaz desenhar uma porta. Colocar uma nuvem com várias imagens de coisas ruins em cima da cabeça da criança. Dar para uma criança de cada vez imagens de pensamentos bons e maus. Pedir que elas colem dentro do balão ou antes da porta. Se preenchermos com pensamentos bons aqueles sentimos ruins desaparecem e então os bons sentimentos que jesus por meio do adulto (passista) chega aos nossos corações. Nesse momento colar um coração vermelho na criança para demonstrar alegria. Explicar que devemos pensar em jesus na hora do passe para que o nosso corpo, assim como o copo, se encha de coisas boas. Na hora do passe devemos estar em prece, e isso significa pensar em jesus, nas coisas boas que ele nos dá, pensar em tudo que nos traz paz e alegria.
7. Atividade criativa: ensinar a letra música da prece e depois cantar com eles
8. Prece e passe
9. Sopa


BIBLIOGRAFIA

O Evangelho segundo espiritismo; Genese

ANEXO
1 – Figura de Jesus ensinando o Pai Nosso




2 – Modelo do Cartaz 1


3 – palavras do que devemos pedir


 
4 – Figura para pintar: Prece




 
5  – Caça palavras:
       - Quando estamos nos sentindo SOZINHO , CONFUSO, MAGOADO e com uma TRISTEZA no CORAÇÃO, nesses momentos ORAR é o melhor REMÉDIO. a PRECE é uma CONVERSA com JESUS. após fazer a oração, a gente se sente mais calmo e com uma grande ALEGRIA. Ao fazer a prece podemos PEDIR ajuda, AGRADECER algo de bom que nos recebemos e louvar a DEUS
                         

6  – Figuras para introduzir o tema: Passe













7  – Modelo do cartaz para o tema passe



8 - Figuras para colar e colorir no cartaz:
      bons pensamentos e ações



















9  - Figuras para colar no cartaz:
      maus pensamentos e ações
 













10 - Figuras para apoiar o tema




terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jesus na Samaria


(Continuação do Livro "Boa Nova" de Humberto de Campos  psicografada por Chico Xavier)

Descendo Jesus de Jerusalém para Cafarnaum, seguido de alguns discípulos, nas suas habituais jornadas a pé, alcançou a Samaria, quando o crepúsculo já se fazia mais sombrio.
Felipe, André e Tiago, estando com fome, deixaram o Mestre a repousar junto de uma pequena herdade e demandaram o lugarejo mais próximo, em busca de alimento.
O Messias, olhando em torno de si, reconheceu que se encontrava ao lado da Fonte de Jacob. Envolvida nos revérberos do Sol que ia ceder lugar às sombras da noite que se aproximava, uma mulher acercou-se do antigo poço e observou que o Mestre lhe ia ao encontro com a bela e costumeira placidez do semblante, e lhe pedia de beber.
- Como sendo tu um judeu, me pedes um favor a mim, que sou samaritana?
Jesus descansou na interlocutora o olhar tranqüilo e redargüiu:
- Os judeus e samaritanos terão por ventura, necessidades diversas entre si? Bem se vê que não conheces os dons de Deus, porquanto se houvesse guardado os mandamentos divinos, compreenderias que te posso dar água viva.
- Que vem a ser essa água viva? – inquiriu a samaritana impressionada. Onde a tens, se a água aqui existente é apenas a deste poço? Acaso serias maior que nosso pai Jacob que no-la deu desde o princípio?
- Mulher, a água viva é aquela que sacia toda sede: vem do amor infinito de Deus e santifica as criaturas.
E envolvendo a samaritana no doce magnetismo de seu olhar, continuou:
Este poço de Jacob secará um dia. No leito da terra em que agora repousam suas águas claras, a serpente poderá fazer seu ninho. Não sentes a verdade de minhas afirmativas, ante a tua sede de todos os dias? Não obstante levares cheio o cântaro, voltarás logo ao poço, com uma nova sede. Entretanto, os que beberem da água viva estarão eternamente saciados. Para esses não mais haverá a necessidade material que se renova a cada instante da vida. Perene conforto lhes refrescará os corações através dos caminhos mais acidentados, sob o sol ardente dos desertos do mundo...
A mulher escutava presa de funda impressão, aquelas palavras que lhe chegavam ao santuário do espírito com a solenidade de uma revelação.
- Senhor, dá-me dessa água! - exclamou interessada.
- Mas ouve! - disse-lhe Jesus. E o Mestre passou a esclarecê-la sobre fatos e circunstâncias íntimas de sua vida particular, explicando-lhe o que se fazia necessário para que a sagrada emoção do amor divino lhe iluminasse a alma, afastando-a de todas as circunstâncias penosas da existência material.
Observando que não havia segredos para Jesus, a samaritana chorou e respondeu:
- Senhor, vejo que és de fato um profeta de Deus. Meu espírito está cheio de boa vontade e desde muito, penso na melhor maneira de purificar a minha vida e santificar os meus atos. Entretanto, é tal a confusão que observo em torno de mim, que não sei como adorar a Deus. Os meus familiares e vizinhos afirmam que é indispensável celebrar o culto ao todo Poderoso neste monte. Os judeus nos combatem e asseveram que nenhuma cerimônia terá valor fora dos muros de Jerusalém. As discórdias nesta Região têm chegado ao cúmulo. Já que tenho a felicidade de ouvir as tuas palavras, ensina-me o melhor caminho.
O Mestre observou-a compadecido e exclamou:
- Tens razão. As divergências têm implantado a maior desunião entre os membros da grande família humana. Entretanto, o pastor vem ao redil para reunir as ovelhas que os lobos dispersaram. Em verdade, afirmo-te que virá um tempo em que não se adorará a Deus nem neste monte, nem no templo suntuoso de Jerusalém. Porque o Pai é Espírito e só em espírito deve ser adorado. Por isso venho abrir o templo dos corações sinceros para que todo culto a Deus se converta em íntima comunhão entre o homem e seu criador.
Suave silêncio se fez entre ambos. Enquanto Jesus parecia sondar o invisível com o seu luminoso olhar, a samaritana meditava.
***
Daí a alguns instantes, acompanhados de grande número de populares, chegavam os discípulos, admirando-se todos de encontrarem o Messias em conversação íntima com uma mulher. Nenhum deles, todavia, aventurou qualquer observação menos digna ou imprudente. Observando que o Messias se preparava para retirar-se em busca da aldeia mais próxima, a samaritana impressionada com as suas revelações, solicitou a presença de seus familiares e vizinhos, a fim de lhe ouvirem a palavra.
Tiago e André haviam trazido pão e frutas, insistindo com Jesus para que se alimentasse. O Mestre, porém, aproveitou o instante pra mais uma vez ensinar o caminho do Reino, com as palavras amigas, compondo parábolas singelas. Muita gente se aglomerava para ouvi-lo. Eram viajantes que demandavam regiões diferentes, a par de grande grupo de samaritanos de opiniões exaltadas. A enorme assembléia se pôs a caminho, mas o Messias continuou espalhando as suas promessas de esperança e consolação.
Nesse ínterim, Felipe consultou os companheiros e, aproximando-se de Jesus, rogou-lhe carinhosamente:
- Mestre, por favor, aceitai um pouco de pão.
- Não de preocupes, Felipe – disse o Messias. – Não tenho fome. Aliás, recebo um alimento que talvez meus próprios discípulos ainda não puderam conhecer.
- Qual? – atalhou o apóstolo com interesse.
- Antes de tudo, meu alimento é fazer a vontade daquele Pai misericordioso e justo que a este mundo me enviou, a fim de ensinar o seu amor e a sua verdade. Meu sustento é realizar sua obra.
- É verdade – observou o discípulo, olhando a multidão que os acompanhava. Levaremos para Cafarnaum mais este triunfo, porque é incontestável que obtiveste aqui entre os samaritanos um dos nossos maiores êxitos.
Tiago e André ouviam silenciosos o diálogo.
Às palavras entusiásticas do apóstolo, o Mestre sorriu e acrescentou:
- Não é isso propriamente o que me interessa. O êxito mundano pode ser uma ondulação de superfície. O que necessitamos em todas as situações é atender o que o Pai deseja de nós. Como todo o seu apelo é o do bem, eu trabalho, mas sem me prender ao anseio das vitórias imediatas.
E dirigindo o olhar para a turba compacta de seus seguidores, exclamou para os companheiros:
Acaso já poderíamos admitir que somos compreendidos? Calemo-nos por alguns instantes a fim de ouvirmos a opinião dos que nos seguem os passos.
Fez-se silêncio entre ele e os três discípulos, de modo que podiam ouvir distintamente os diálogos travados entre os que os acompanhavam.
_ Acreditas que seja este homem o Cristo prometido? – perguntava um samaritano de boa figura a seus amigos – De minha parte, não aceito semelhante impostura. Este nazareno é um explorador da piedade popular
- É certo – concordava o interpelado –mesmo porque em sua terra, não chega a valer um denário. Pelos parentes é tido como inimigo do trabalho e há quem duvide da sua preguiçosa cabeça.
- É um louco de boa aparência – exclamava uma mulher idosa para a filha – pelo menos esta é a opinião que já ouvi de habitantes de Cafarnaum; entretanto, para mim, acredito que seja um grande velhaco. Porque se meteu com pescadores quando alega ser tão sábio? Por que não se transfere para Jerusalém ou Tiberíades? Bem sabe a razão disso. Lá encontraria homens cultos, que lhe confundiriam a presunção.
Mais próximo de Jesus, um rapaz sentenciava em voz discreta:
- Quando chegamos, foi ele achado sozinho com uma mulher. Que te parece esta circunstância?
- Perguntava a um companheiro de caminhada.
- Certamente desejava salva-la a seu modo. – Replicou com malicioso riso o inquirido.
Num grupo vizinho, falava-se acaloradamente:
- Este homem é um espertalhão orgulhoso – dizia convicto um velhote – só faz milagres junto das grandes multidões, para que sintam virtudes sobrenaturais nas suas mágicas.
E não tem caridade – acrescentou outro – pois ainda há pouco tempo, quando o procuraram em Cafarnaum para um sinal do Céu, fugiu para o monte, sob o protesto de fazer orações.
A noite começava a cair de todo. No alto brilhavam as primeiras estrelas. Jesus sentou-se com os discípulos, à margem do caminho, para um momento de repouso.
***
André, Tiago e Felipe estavam espantados com o que tinham visto e ouvido. Aparentemente o Mestre aureolado de imenso êxito; entretanto, verificaram a profunda incompreensão do povo. Foi então que Jesus, com a serenidade de todos os instantes os esclareceu cheio de sua bondade imperturbável:
- Não vos admireis da lição deste dia. Quando veio o Batista, procurou o deserto, nutrindo-se de mel selvagem. Os homens alegaram que em sua companhia estava o espírito de Satanás. A mim, pelo motivo de participar das alegrias do Evangelho, chama-me glutão e beberrão. Esta é a imagem do campo onde temos que operar. Por toda parte encontraremos samaritanos discutidores, atentos aos êxitos e referências do mundo. Observai a estrada para não cairdes, porque o discípulo do Evangelho não se pode preocupar senão com a vontade de Deus, com o seu trabalho sob as vistas do Pai e com a aprovação de sua consciência.

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