132. Qual o objetivo da
encarnação dos Espíritos?
“Deus
lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é
expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que
sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a
expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições
de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em
cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial
desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
A
ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua
sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e
de se aproximar dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se
encadeia, tudo é solidário na Natureza.
"As nossas
diversas existências corporais se verificam todas na Terra? - “Não; vivemo-las
em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as primeiras, nem as
últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição.”
(Livro dos Espíritos Q- 172)
"Para chegar à
perfeição e à suprema felicidade, destino final de todos os homens, tem o
Espírito que passar pela fieira de todos os mundos existentes no Universo? -
“Não, porquanto muitos são os mundos correspondentes a cada grau da respectiva
escala e o Espírito, saindo de um deles, nenhuma coisa nova aprenderia nos
outros do mesmo grau.” (Livro dos Espíritos Q- 177)
"Os seres que
habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos? - É fora de
dúvida que têm corpos, porque o Espírito precisa estar revestido de matéria
para atuar sobre a matéria. Esse envoltório, porém, é mais ou menos material,
conforme o grau de pureza a que chegaram os Espíritos." (Livro
dos Espíritos Q- 181)
"Desde o início de
sua formação, goza o Espírito da plenitude de suas faculdades? - Não, pois que para o Espírito, como para o
homem, também há infância. Em sua origem, a vida do Espírito é apenas
instintiva. Ele mal tem consciência de si mesmo e de seus atos. (O Livro dos Espíritos - q. 189)
"Qual o estado da
alma na sua primeira encarnação? - O da infância na vida corporal. A
inteligência então apenas desabrocha: a alma se ensaia para a vida.” (Livro dos Espíritos Q- 190)
"O progresso
material de um planeta acompanha o progresso moral de seus habitantes. Ora,
sendo incessante, como é, a criação dos mundos e dos Espíritos e progredindo estes
mais ou menos rapidamente, conforme o uso que façam do livre-arbítrio, segue-se
que há mundos mais ou menos antigos, em graus diversos de adiantamento físico e
moral, onde é mais ou menos material a encarnação e onde, por conseguinte, o
trabalho, para os Espíritos, é mais ou menos rude. Deste ponto de vista, a Terra
é um dos menos adiantados. Povoada de Espíritos relativamente inferiores, a
vida corpórea é aí mais penosa do que noutros orbes, havendo-os também mais
atrasados, onde a existência é ainda mais penosa do que na Terra e em confronto
com os quais esta seria, relativamente, um mundo ditoso." (A Gênese, cap. XI, item 27).
"Quando,
em um mundo, os Espíritos hão realizado a soma de progresso que o estado desse
mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, onde adquiram
novos conhecimentos e assim por diante, até que, não lhes sendo mais de
proveito algum a encarnação em corpos materiais, passam a viver exclusivamente
da vida espiritual, em a qual continuam a progredir, mas noutro sentido e por
outros meios. Chegados ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema
felicidade. Admitidos nos conselhos do Onipotente, conhecem-lhe o pensamento e
se tornam seus mensageiros, seus ministros diretos no governo dos mundos, tendo
sob suas ordens os Espíritos de todos os graus de adiantamento.
Assim,
qualquer que seja o grau em que se achem na hierarquia espiritual, do mais
ínfimo ao mais elevado, têm eles suas atribuições no grande mecanismo do
Universo; todos são úteis ao conjunto, ao mesmo tempo que a si próprios. Aos
menos adiantados, como a simples serviçais, incumbe o desempenho, a princípio
inconsciente, depois, cada vez mais inteligente, de tarefas materiais. Por toda
parte, no mundo espiritual, atividade, em nenhum ponto a ociosidade inútil."
(A Gênese, cap. XI, item 28).
"Quando
a Terra se encontrou em condições climáticas apropriadas à existência da
espécie humana, encarnaram nela Espíritos humanos. Donde vinham? Quer eles
tenham sido criados naquele momento; quer tenham procedido, completamente
formados, do espaço, de outros mundos, ou da própria Terra, a presença deles
nesta, a partir de certa época, é um fato, pois que antes deles só animais havia.
Revestiram-se de corpos adequados às suas necessidades especiais, às suas
aptidões, e que, fisiologicamente, tinham as características da animalidade.
Sob a influência deles e por meio do exercício de suas faculdades, esses corpos
se modificaram e aperfeiçoaram: é o que a observação comprova..." (A Gênese, cap. XI, item 29)
"Conquanto
devessem ser pouco adiantados os primeiros que vieram, pela razão mesma de
terem de encarnar em corpos muito imperfeitos, diferenças sensíveis haveria decerto
entre seus caracteres e aptidões. Os que se assemelhavam,naturalmente se
agruparam por analogia e simpatia.
Achou-se
a Terra, assim, povoada de Espíritos de diversas categorias, mais ou menos
aptos ou rebeldes ao progresso. Recebendo os corpos a impressão do caráter do Espírito
e procriando-se esses corpos na conformidade dos respectivos tipos, resultaram
daí diferentes raças, quer quanto ao físico, quer quanto ao moral (nº 11).
Continuando a encarnar entre os que se lhes assemelhavam, os Espíritos similares
perpetuaram o caráter distintivo, físico e moral, das raças e dos povos,
caráter que só com o tempo desaparece, mediante a fusão e o progresso deles. "(Revue
Spirite, julho de 1860, página 198: “Frenologia e Fisiognomonia”.) (A Gênese, cap. XI, item 30).
"Há, de fato, como
já foi dito, mundos que servem de estações ou pontos de repouso aos Espíritos errantes?
- Sim, há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes
podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde
descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto
penoso. São, entre os outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo
com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde eles gozam de maior
ou menor bem-estar.” (Livro dos Espíritos, Q-234).
"Enquanto
permanecem nos mundos transitórios, os Espíritos progridem? - Certamente. Os
que vão a tais mundos levam o objetivo de se instruírem e de poderem mais
facilmente obter permissão para passar a outros lugares melhores e chegar à
perfeição que os eleitos atingem.” (Livro dos Espíritos, Q-235).
"Esses mundos são
ao mesmo tempo habitados por seres corpóreos? - Não; estéril é neles a
superfície. Os que os habitam de nada precisam.” (Livro dos
Espíritos, Q-236 a)
"(...) Durante os lentos
períodos de transição que as camadas geológicas atestam, antes mesmo da
formação dos primeiros seres orgânicos, naquela massa informe, naquele árido
caos, onde os elementos se achavam em confusão, não havia ausência de vida.
Seres isentos das nossas necessidades, das nossas sensações físicas, lá
encontravam refúgio." (Livro dos Espíritos, Q-236 nota)
"A superioridade da
inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um
mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das
mãos do Criador." (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.
III, item 13)
"Entretanto, nem
todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a
que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e
que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se
desenvolverem pelo contacto com Espíritos mais adiantados." ( O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, item 14)
"Dissestes (questão
190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da
infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia
para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento? - Numa série de existências que precedem o
período a que chamais Humanidade.” (O Livro dos Espíritos - q.
607)
"...Nesses seres,
cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se
elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos
de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por
efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito.
Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu
futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus
atos...” (O Livro dos Espíritos - q. 607 a)
"Esse período de
humanização principia na Terra? - A Terra não é o ponto de partida da primeira
encarnação humana. O período da humanização começa, geralmente, em mundos ainda
inferiores à Terra. Isto, entretanto, não constitui regra absoluta, pois pode
suceder que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra.
Não é frequente o caso; constitui antes uma exceção.” (O Livro
dos Espíritos - q. 607 b)
"Já
se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda
ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus,
senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que
amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! há as que
sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses
mundos
onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas
da glória que lhes fora destinada."(O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III, item 16).
"No regaço do
tempo, os Arquitetos Divinos auxiliam a consciência fragmentária na construção
do cérebro, o maravilhoso ninho da mente, necessitada de mais ampla
exteriorização. (...) assim que, atingindo os alicerces da Humanidade, o corpo
espiritual do homem infraprimitivo demora-se longo tempo em regiões espaciais
próprias, sob a assistência dos Instrutores do Espírito, recebendo intervenções
sutis nos petrechos da fonação para que a palavra articulada pudesse assinalar
novo ciclo de progresso. (...) Valendo-se dessa instituição de permuta
constante, as Inteligências Divinas dosam os recursos da influência e da
sugestão e convidam o Espírito terrestre ao justo despertamento na
responsabilidade com que lhe cabe conduzir a própria jornada (...) Desligado
lentamente dos laços mais fortes que o prendiam às Inteligências Divinas, a lhe
tutelarem o desenvolvimento, para que se lhe afirmem as diretrizes próprias,
sente-se sozinho, esmagado pela grandeza do Universo. (...) Com o advento da
responsabilidade que o separara da orientação direta dos Benfeitores da Vida
Maior, entregou-se o homem a múltiplos tentames de progresso no campo do
espírito. (André Luiz - Evolução em Dois Mundos - cap. 10 e 11)
"Atingindo
o ponto de preparação para entrarem no reino humano, os Espíritos se preparam,
de fato, em mundos ad hoc, para a vida espiritual consciente, independente e
livre. A vontade do Soberano Senhor lhes dá a consciência de suas faculdades e,
por conseguinte, de seus atos, consciência que produz o livre-arbítrio, a vida
moral, a inteligência independente e capaz de raciocínio, a responsabilidade.
Sobre esses mundos ad
hoc, onde os Espíritos, ou melhor, os Princípios Espirituais se preparam para a
vida consciente, André Luiz dá rápidas notícias em seu livro
"Libertação", ao descrever determinada cidade espiritual situada nas
regiões umbralinas. Diz ele, a certa altura, reproduzindo elucidações de um
Instrutor: "Milhares de criaturas, utilizadas nos serviços mais rudes da natureza,
movimentavam-se nestes sítios em posição infraterrestre. A ignorância, por ora,
não lhes confere a glória da responsabilidade. Em desenvolvimento de tendências
dignas, candidatam-se à humanidade que conhecemos na Crosta. Situam-se entre o
raciocínio fragmentário do macacóide e a ideia simples do homem primitivo na
floresta. Afeiçoam-se a personalidades encarnadas ou obedecem, cegamente, aos
Espíritos prepotentes que dominam em paisagens como esta. Guardam, enfim, a
ingenuidade do selvagem e a fidelidade do cão. O contacto com certos indivíduos
inclina-os ao bem ou ao mal e somos responsabilizados, pelas Forças Superiores
que nos governam, quanto ao tipo de influência que exercemos sobre a mente
infantil de semelhantes criaturas." (Espírito Áureo - Hernani T. Sant’Anna,
Universo e Vida - cap. III)
"Depois de haver
passado por todas essas espécies intermédias, ela permanece ainda longo tempo,
cuja duração não sois igualmente capazes de calcular, na fase preparatória da
sua entrada na humanidade, fase esta da qual, pela vontade do Senhor e mediante
uma transformação completa, sai o Espírito formado, com inteligência
independente, livre e responsável. (...) Tudo, tudo, na grande unidade da
Criação, nasce, existe, vive, funciona, morre e renasce para harmonia do Universo,
sob a ação espírita universal que, à sua vez, se exerce, pela vontade de Deus e
segundo as leis naturais e imutáveis que ele estabeleceu desde toda eternidade,
mediante as aplicações e apropriações dessas leis. (...) Sim, vós, nós, todos,
todos, exceto aquele que foi e será desde e por toda a eternidade, todos fomos,
na nossa origem, essência espiritual, princípio de inteligência, Espírito em
estado de formação; todos hemos passado por essas metamorfoses, por essas
transfigurações e transformações da matéria, para chegarmos à condição de Espírito
formado, de inteligência independente, capaz de raciocínio, com a consciência
da sua vontade, das suas faculdades e de seus atos, por efeito do
livre-arbítrio; à condição de criatura independente, livre e responsável." (Espírito Áureo - Hernani T. Sant’Anna, Universo
e Vida - cap. IV - Consciência e Responsabilidade)
"Depois de haver
passado pela matéria animal, chegando a um certo grau de desenvolvimento, o
Espírito, antes de entrar na vida espiritual, precisa permanecer num estado
misto. Eis por que e como se opera essa estagnação, sob a direção e a
vigilância dos Espíritos prepostos. Para entrar na vida ativa, consciente,
independente e livre, o Espírito tem necessidade de se libertar inteiramente do
contacto forçado em que esteve com a carne, de esquecer as suas relações com a
matéria, de se depurar dessas relações. É nesse momento que se prepara a
transformação do instinto em inteligência consciente. Suficientemente
desenvolvido no estado animal, o Espírito é, de certo modo, restituído
ao todo universal, mas em condições especiais: é conduzido aos mundos ad hoc,
às regiões preparativas, pois que lhe cumpre achar o meio onde se elaboram os
princípios constitutivos do perispírito." (Espírito Áureo - Hernani T.
Sant’Anna, Universo e Vida - cap. IV - Consciência e Responsabilidade)
"É então que os
altos Espíritos que presidem à educação dos que se encontram assim no estado de
simplicidade, de ignorância, de inocência, os encaminham para as esferas
fluídicas onde deverão ficar durante o seu desenvolvimento moral e intelectual
até o momento em que se achem no uso completo de suas faculdades e, portanto,
em condições de escolher o caminho pelo qual enveredem. Seguem-se as fases da
infância: os guias protetores ensinam ao Espírito o que é o livre-arbítrio que
Deus lhes concede, explicam o uso que dele pode fazer e o concitam a se ter em
guarda contra os escolhos com que venha a se deparar. O reconhecimento e o amor
devidos ao grande Ser constituem o objeto da primeira lição que o Espírito
recebe. Levam-no depois, gradualmente, ao estudo dos fluidos que o cercam, das
esferas que descortina. Conduzido por seus prudentes guias, passa às regiões
onde se formam os mundos, a fim de lhes estudar os mistérios. Desce, enfim, às
regiões inferiores, a fim de aprender a dirigir os princípios orgânicos de tudo
o que é, em qualquer dos reinos da Natureza. Daí vai a esferas mais elevadas,
onde aprende a dirigir os fenômenos atmosféricos e geológicos que observais sem
compreender. Assim é que, de estudo em estudo, de progresso em progresso, o
Espírito adquire a ciência que, infinita, o aproximará do Mestre supremo."
(Espírito Áureo - Hernani T. Sant’Anna, Universo e Vida - cap. IV - Consciência
e Responsabilidade)