Pelo Espírito Irmão X
Do Livro: Contos
e Apólogos
Psicografia de
Francisco Cândido Xavier
Diversos aprendizes rodeavam o Senhor, em Cafarnaum, em discussão acesa,
com respeito ao poder da palavra, acentuando-lhes os bens e os males.
Propunham alguns o verbo contundente para a regeneração do mundo,
enquanto outros preconizavam a frase branda e compreensiva.
Reparando o tom de azedia nos companheiros irritadiços, o Mestre
interferiu e contou uma parábola simples.
Certa feita – narrou, com doçura–, o Gênio do Bem, atendente à prece de
um lavrador de vida singela, emitiu um raio de luz e insuflou-o sobre o coração
dele, em forma de pequenina observação carinhosa e estimulante, através de uma
boca otimista. No peito do modesto homem do campo, a fagulha acentuou-se,
inflamando-lhe os sentimentos mais elevados numa chama sublime de ideal do Bem,
derramando-se para todas as pessoas que povoavam a paisagem.
Em breve tempo, o raio minúsculo era uma fonte de claridade a criar
serviço edificante em todos os círculos do sítio abençoado; sob a sua atuação
permanente, os trigais cresceram com promessas mais amplas e a vinha robusta
anunciava abundância e alegria.
Converteu-se o raio de luz em esperança e felicidade na alma dos
lavradores e a seara bem provida avançou, triunfal, do campo venturoso para
todas as regiões que o cercavam, à maneira de mensagem sublime de paz e
fartura.
Muita gente ocorreu aquele recanto risonho e calmo, tentando aprender a
ciência da produção fácil e primorosa e conduziu para as zonas mais distantes
os processos pacíficos de esforço e colaboração, que o lume da boa vontade ali
instalara no ânimo geral.
Ao fim de alguns poucos anos, o raio de luz transformara-se numa época
de colheitas sadias para a tranquilidade popular.
O Mestre fez ligeiro intervalo e continuou:
–Veio, porém, um dia em que o povo afortunado, orgulhando–se agora do
poderio obtido com o auxílio oculto da gratidão que devia à magnanimidade
celeste e pretendeu humilhar uma nação vizinha. Isso bastou para que grande
brecha se abrisse à influência do Gênio do Mal, que emitiu um estilete de treva
sobre ao coração de uma pobre mulher do povo, por intermédio de uma boca
maldizente.
A infortunada criatura não mais sentiu a claridade interior da harmonia
e deixou que o traço de sombra se multiplicasse indefinidamente em seu íntimo
de mãe enceguecida... Logo após, despejou a sua provisão de trevas, já
transbordante, na alma de dois filhos que trabalhavam num extenso vinhedo e
ambos, envenenados por pensamentos escuros de revolta, facilmente encontraram
companheiros dispostos a absorver-lhes os espinhos invisíveis de indisciplina e
maldade, incendiando vasta propriedade e empobrecendo vários senhores de
rebanhos e terras, dantes prósperos.
A perversa iniciativa encontrou vários imitadores e, em tempo curto,
estabeleceram-se estéreis conflitos em todo o reino.
Administradores e servos confiaram-se, desvairados, a duelo mortal,
trazendo o domínio da miséria que passou a imperar, detestada e cruel para
todos.
O Divino amigo silenciou por minutos longos e acrescentou:
– Nesta parábola humilde, temos o símbolo da palavra preciosa e da
palavra infeliz. Uma frase de incentivo e bondade é um raio de luz, suscetível
de erguer uma nação inteira, mas uma sentença perturbadora pode transportar
todo um povo à ruína...
Pensou, pensou e concluiu:
– Estejamos certos de que se lhe oferece à paisagem, a treva rola
também, enegrecendo o que vai encontrando. Em verdade, a ação é dos braços, mas
a direção vem sempre do pensamento, através da língua. E sendo todo homem filho
de Deus e herdeiro dEle, na criação e na extensão da vida, ouça quem tiver
“ouvidos de ouvir”.
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FONTES DE PESQUISA SOBRE "A PALAVRA"
“Hipócritas,
bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim
com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de
mim.” (Mateus 15:7,8)
“O
que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é
o que contamina o homem.” (Mateus 15,11)
“Ainda não
compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado
fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque
do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação,
furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus
15:17-19)
“Não saia da
vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a
edificação, para que dê graça aos que a ouvem." - Paulo. (Efésios, 4:29)
“Surgem, sim, as
ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de
explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca...
Momentos de reação,
diante do mal, em que a fagulha da mágoa, assoma do intimo, aviventada pelo
sopro do desespero. Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure
justificada, reflete para falar.
A palavra não foi
criada para converter-se em raio da morte...
Guardar o silêncio,
quando preciso, mas falar sempre que necessário a desfazer enganos e a limpar
raciocínios, entendendo, porém, que Jesus não nos confiou a verdade para
transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio e sim num clarão que oriente aos
outros e alumie a nós.” (Emmanuel – Livro da
Esperança - Amenidades)
“Palavras são
agentes na construção de todos os edifícios da vida. Lancemo-las na direção dos
outros, com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos venham elas até nós...
E sempre que
irritação nos visite, guardemo-nos em silêncio, de vez que a cólera é
tempestade magnética, no mundo da alma, e qualquer palavra que arremessamos no
momento da cólera, é semelhante ao raio fulminatório que ninguém sabe onde vai
cair.” (Emmanuel – Livro da Esperança – Verbo
Nosso)
“Não esquecermos em
tempo algum o poder criativo da palavra. O que falas é dito com toda a força
daquilo que és. Por isso, o problema não se limita unicamente a falar, mas a
falar para o bem com a poda de tudo o que se faça inconveniente ao equilíbrio
ou à segurança do próximo.
Precioso é o
ministério daqueles que suprimem a penúria material, e sublime será sempre o
apostolado daqueles que ensinam, dissolvendo o nevoeiro da ignorância; entretanto,
não menos valioso é o trabalho daqueles outros que facilitam a estrada dos semelhantes.
Qualquer de nós
sabe remover um perigo na via pública ou extirpar a planta venenosa no chão
doméstico, atentos à nossa responsabilidade na vida comunitária.
Como não auxiliar o
companheiro de experiência, calando o apontamento capaz de amargar-lhe a
existência, tão sequiosa de paz quanto a nossas Para isso não é necessário
cultivar indisposições com aqueles amigos outros que ainda falam, desconhecendo,
muita vez, as realidades do espírito. Basta instalar o filtro da compreensão na
acústica da alma. Tudo o que nos traumatize os sentimentos é justo arredar do
nosso intercâmbio com os demais, porquanto a regra áurea deve ser chamada a
legislar no assunto, a fim cio que nos venhamos a falar a outrem aquilo que não
desejamos que outrem nos fale.
Observemos,
sobretudo, na condição de criaturas terrestres, o equipamento de que a
Sabedoria Divina nos revestiu para controle dos recursos verbais: dois olhos,
dois ouvidos; todavia, tão-somente uma boca e, assim mesmo, antes que a palavra
se prefigure nos
lábios, temos os impulsos do coração a se projetarem para o cérebro e, no cérebro, esses
mesmos impulsos se transformam em pensamentos, suscetíveis de sofrer rigorosa seleção,
qual acontece aos alimentos em casa.
Examinemos todas as
ideias que nos surjam à cabeça, e, assim como sabemos evitar as batatas
deterioradas, toda vez que as ideias não edifiquem, desliguemos as tomadas da
atenção, a fim de que nos decidamos a empregar esquecimento e distância com
elas.” (Pelo Espírito Emmanuel – Do livro
Alma e Coração - Falar e Ouvir)
“A palavra é um fio de sons carregados por nossos
sentimentos; em razão disso, aquilo que sentimos é o remoinho vibratório que
nos conduzirá a palavra ao lugar certo que nos propomos atingir. Quando
falamos, cada qual de nós apresenta o próprio retrato espiritual passado a
limpo.
Conversando, dialogamos; dialogando, aprendemos. Quem
condena atira uma pedra que voltará sempre ao ponto de origem.
As artes são canais de expressão derivados do
verbo: a escultura é a palavra coagulada, a pintura é a palavra colorida, a
dança é a palavra em movimento, a música é a palavra em harmonia; mas a
palavra, em si, é a própria vida.
Quando haja de reclamar isso ou aquilo, espere que
as emoções se mostrem pacificadas; um grito de cólera, as vezes, tem a força de
um punhal.
Sempre que possa e quanto possa abstenha-se de
comentar o mal; a palavra cria a imagem e a imagem atrai a influência que lhe diz
respeito. Você falou, começou a fazer.
Não fale na treva para que a treva não comece a
caminhar por sua conta.
Abençoadas serão as suas palavras sempre que você fale situando-se na
posição dos ausentes ou no lugar dos que lhe ouvem a voz.” (Pelo Espírito André Luiz – Do Livro Respostas da Vida – Conversa)
Nunca foi tão atual essa parábola
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