sábado, 30 de junho de 2012

A ILUSÃO DO DISCIPULO

Continuação da leitura do Livro "Boa Nova" de Humberto de Campos psicografada por Chico Xavier


Jesus havia chegado a Jerusalém sob uma chuva de flores.
De tarde, após a consagração popular, caminhava Tiago e Judas, lado a lado, por uma estrada antiga, marginada de oliveiras, que conduzia às casinhas alegres de Betânia.
Judas Iscariote deixava transparecer no semblante íntima inquietação, enquanto no olhar sereno do filho de Zebedeu fulgurava a luz suave e branda que consola o coração das almas crentes.
– Tiago – exclamou Judas, entre ansioso e atormentado – não achas que o Mestre é demasiado simples e bom para quebrar o jugo tirânico que pesa sobre Israel, abolindo a escravidão que oprime o povo eleito de Deus?
– Mas – replicou o interpelado – poderias admitir no Mestre as disposições destruidoras de um guerreiro do mundo?
– Não tanto assim. Contudo, tenho a impressão de que o Messias não considera as oportunidades. Ainda hoje, tive a atenção reclamada por doutores da lei que me fizeram sentir a inutilidade das pregações evangélicas, sempre levadas a efeito entre as pessoas mais ignorantes e desclassificadas.
Ora, as reivindicações do nosso povo exigem um condutor enérgico e altivo.
– Israel – retrucou o filho de Zebedeu, de olhar sereno – sempre teve orientadores revolucionários; o Messias, porém, vem efetuar a verdadeira revolução, edificando o seu reino sobre os corações e nas almas!...
Judas sorriu algo irônico e acrescentou :
– Mas, poderemos esperar renovações, sem conseguirmos o interesse e a atenção dos homens poderosos?
– E quem haverá mais poderoso ao que Deus, de quem o Mestre é o Enviado divino?
Em face dessa invocação Judas mordeu os lábios, mas prosseguiu:
– Não concordo com os princípios de inação e creio que o Evangelho somente poderá vencer com o amparo dos prepostos de César, ou das autoridades administrativas de Jerusalém, que nos governam o destino. Acompanhando o Mestre nas suas pregações em Cesaréia, em Sebaste, em Corazin e Betsaida, quando das suas ausências de Cafarnaum, jamais o vi interessado em conquistar a atenção dos homens mais altamente colocados na vida. É certo que de seus lábios divinos sempre brotaram a verdade e o amor, por toda parte; mas só observei leprosos e cegos, pobres e ignorantes, abeirando-se de nossa fonte.
– Jesus, porém, já nos esclareceu – obtemperou Tiago, com brandura – que o seu reino não é deste mundo.
Imprimindo aos olhos inquietes um fulgor estranho, o discípulo impaciente revidou com energia:
– Vimos hoje o povo de Jerusalém atapetar o caminho do Senhor com as palmas da sua admiração e do seu carinho; precisamos, todavia, impor a figura do Messias às autoridades da Corte Provincial e do Templo, de modo a aproveitarmos esse surto de simpatia. Notei que Jesus recebia as homenagens populares sem partilhar do entusiasmo febril de quantos o cercavam, razão por que necessitamos multiplicar esforços, em lugar dele, afim de que a nossa posição de superioridade seja reconhecida em tempo oportuno.
– Recordo-me, entretanto, de que o Mestre nos asseverou, certa vez, que o maior na comunidade será sempre aquele que se fizer o menor de todos.
– Não podemos levar em conta esses excessos de teoria. Interpelado que vou ser hoje por amigos influentes na política de Jerusalém, farei o possível por estabelecer acordos com os altos funcionários e homens de importância, afim de imprimirmos novo movimento às ideias do Messias.
– Judas! Judas!... – observou-lhe o irmão de apostolado, com doce veemência – vê lá o que fazes! Socorreres-te dos poderes transitórios do mundo, sem um motivo que justifique esse recurso, não será, desrespeito à autoridade de Jesus? Não terá o Mestre visão bastante para sondar e reconhecer os corações? O hábito dos sacerdotes e a toga dos dignitários romanos; são roupagens para a Terra... As ideias do Mestre são do céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza com as Organizações viciadas do mundo!... Além de tudo, não podemos ser mais sábios, nem mais amorosos do que Jesus e ele sabe o melhor caminho e a melhor oportunidade para a conversão dos homens!... As conquistas do mundo são cheias de ciladas para o espírito e, entre elas, é possível que nos transformemos em órgão de escândalo para a verdade que o Mestre representa.
Judas silenciou, atormentado.
No firmamento, os derradeiros raios de Sol batiam nas nuvens distantes, enquanto os dois discípulos tomavam rumos diferentes.
***
Sem embargo das carinhosas exortações de Tiago, Judas Iscariote passou a noite tomado de angustiosas inquietações.
Não seria melhor apressar o triunfo mundano do Cristianismo? Israel não esperava um Messias que enfeixasse nas mãos todos os poderes? Valendo-se da doutrina do Mestre, poderia tomar para si as rédeas do movimento renovador, enquanto Jesus, na sua bondade e simplicidade, ficaria entre todos, como um símbolo vivo da ideia nova.
Recordando suas primeiras conversações com as autoridades do Sinédrio, meditava na execução de seus sombrios desígnios.
A madrugada o encontrou decidido, na embriagues de seus sonhos ilusórios. Entregaria o Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições, aparentemente justas, afim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria a Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos.
O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por entre a maldade e a violência.
Ao desabrochar a alvorada, o discípulo imprevidente demandou o centro da cidade e, após horas, era recebido pelo Sinédrio, onde lhe foram hipotecadas as mais relevantes promessas.
Apesar de satisfeito com a sua mesquinha gratificação e desvairado no seu espírito ambicioso, Judas amava ao Messias e esperava, ansiosamente, o instante do triunfo, para lhe dar a alegria da vitória cristã, através das manobras políticas do mundo.
O prêmio da vaidade, porém, esperava a sua desmedida ambição.
Humilhado e escarnecido, seu Mestre bem-amado foi conduzido à cruz da ignomínia, sob vilipêndios e flagelações.
Daqueles lábios, que haviam ensinado a verdade e o bem, a simplicidade e o amor, não chegou a escapar-se uma queixa. Martirizado na sua estrada de angústias, o Messias só teve o máximo de perdão para seus algozes.
Observando os acontecimentos, que lhe contrariavam as mais íntimas suposições, Judas Iscariote se dirigiu a Caifas, reclamando o cumprimento de suas promessas. Os sacerdotes, porém, ouvindo-lhe as palavras tardias, sorriram com sarcasmo. Debalde recorreu às suas prestigiosas relances de amizade: teve de reconhecer a falibilidade das promessas humanas. Atormentado e aflito buscou os companheiros de fé. Encontrou-os vencidos e humilhados; pareceu-lhe, porém, descobrir em cada olhar a mesma exprobração silenciosa e dolorida.
***
Já se havia escoado a hora sexta, em que o Mestre expiara na cruz, implorando perdão para seus verdugos.
De longe, Judas contemplou todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário. Atroz remorso lhe pungia a consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam dos olhos tristes e amortecidos. Mau, grado à vaidade que o perdera, ele amava intensamente ao Messias.
Em breves instantes, o céu da cidade impiedosa se cobriu de nuvens escuras e borrascosas. O mau discípulo, com um oceano de dor na consciência, peregrinou em derredor do casario maldito, acalentando o propósito de desertar do mundo, numa suprema traição aos compromissos mais sagrados de sua vida.
Antes, porém, de executar seus planos tenebrosos, junto à figueira sinistra, ouvia a voz amargurada do seu tremendo remorso.
Relâmpagos terríveis rasgavam o firmamento; trovões cavernosos pareciam lançar sobre a terra criminosa a maldição do céu vilipendiado e esquecido.
Mas, sobre todas as vozes confusas da Natureza, o discípulo infeliz escutava a voz do Mestre, consoladora e inesquecível, penetrando-lhe os refolhos mais íntimos da alma:
– “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai, senão por mim...."

domingo, 17 de junho de 2012

O SERVO BOM

Continuação da leitura do Livro "Boa Nova" de Humberto de Campos psicografada por Chico Xavier


A condenação das riquezas se firmara no espírito dos discípulos com profundas raízes, a tal ponto que, por várias vezes, foi Jesus obrigado a intervir, de maneira a pôr termo a contendas injustificáveis.
De vez em quando, Tadeu parecia querer impor aos assistentes das pregações do lago a entrega de todos os bens aos necessitados; Felipe não vacilava em afiançar que ninguém deveria possuir mais que uma camisa, constituindo uma obrigação tudo dividir com os infortunados, privando-se cada qual do indispensável à vida.
– E quando o pobre nos surge somente nas aparências? – replicava judiciosamente Levi – Conheço homens abastados que choram na coletoria de Cafarnaum, como miseráveis mendigos, apenas com o fim de se eximirem dos impostos. Sei de outros que estendem as mãos à caridade pública e são proprietários de terras dilatadas. Estaríamos edificando o Reino de Deus, se, favorecêssemos a exploração?
– Tudo isso é verdade. – Redarguia Simão Pedro. – Entretanto, Deus nos inspirará sempre, nos momentos oportunos, e não é por essa razão que deveremos abandonar os realmente desamparados.
Levi, porém, não se dava por vencido e retrucava:
– A necessidade sincera deve ser objeto incessante de nosso carinhoso interesse; mas, em se tratando dos falsos mendigos, é preciso considerar que a palavra de Deus nos tem vindo pelo Mestre, que nunca se cansa de nos aconselhar vigilância. É imprescindível não viciarmos o sentimento de piedade, ao ponto de prejudicarmos os nossos irmãos no caminho da vida.
O antigo cobrador de impostos supunha, assim, a sua maneira de ver; mas Felipe, agarrando-se à letra dos ensinos, replicava com ênfase:
– Continuarei acreditando que é mais fácil a passagem de um camelo pelo fundo de uma agulha do que a entrada de um rico no Reino do Céu.
Jesus não participava dessas discussões, porém, sentia as dúvidas que pairavam no corarão dos discípulos e, deixando-os entregues ao seus raciocínios próprios, aguardava oportunidade para um esclarecimento geral.
***
Passava-se o tempo e as pequenas controvérsias continuavam acesas.
Chegara, porém, o dia em que o Mestre se ausentaria da Galiléia para a derradeira viagem a Jerusalém. A sua última ida a Jericó, antes do suplício, era aguardada com curiosidade imensa. Grandes multidões se apinhavam nas estradas.
Um publicano abastado, de nome Zaqueu, conhecia o renome do Messias e desejava vê-Lo. Chefe prestigioso na sua cidade, homem rico e enérgico, Zaqueu era, porém, de pequena estatura, tanto assim que, buscando satisfazer ao seu desejo ardente, procurou acomodar-se sobre um sicômoro, levado pela ansiosa expectativa com que esperava a passagem de Jesus. Coração inundado de curiosidade e de sensações alegres, o chefe publicano, ao aproximar-se o Messias, admirou-lhe o porte nobre e simples, sentindo-se magnetizado pela sua indefinível simpatia. Altamente surpreendido, verificou que o Mestre estacionara a seu lado e lhe dizia com acento íntimo:
– Zaqueu, desce dessa árvore, porque hoje necessito de tua hospitalidade e de tua companhia.
Sem que pudesse traduzir o que se passava em seu coração, o publicano de Jericó desceu de sua improvisada galeria, possuído de imenso júbilo.
Abraçou a Jesus com prazer espontâneo e ordenou todas as providências para que o querido hóspede e sua comitiva fossem recebidos em casa com a maior alegria. O Mestre deu o braço ao publicano e escutava atento as suas observações mais insignificantes, com grande escândalo da maioria dos discípulos. “Não se tratava de um rico que devia ser condenado?” Perguntava. Felipe a si próprio.
E Simão Pedro refletia intimamente: – “Como justificar tudo isto, se Zaqueu é um homem de dinheiro e pecador perante a lei?”
A breves instantes, porém, toda a comitiva perpetrava na residência do publicano, que não ocultava o seu contentamento inexcedível. Jesus lhe seduzira as atenções, tocando-lhe as fibras mais íntimas do Espírito, com a sua presença generosa. Tratava-se de um hóspede bem-amado, que lhe ficaria eternamente no coração.
Aproximava-se o crepúsculo, quando Zaqueu mandou oferecer uma leve refeição a todo o povo, em sinal de alegria, sentando-se com Jesus e os seus discípulos sob um vasto alpendre. A palestra versava sobre a nova doutrina e, sabendo que o Mestre não perdia ensejo de condenar as riquezas criminosas do mundo, o publicano o esclarecia, com toda a sinceridade de sua alma:
– Senhor, é verdade que tenho sido observado como um homem de vida reprovável; mas, desde muitos anos, venho procurando empregar o dinheiro de modo que represente benefícios para todos os que me rodeiem na vida. Compreendendo Que aqui em Jericó havia muitos pais de família sem trabalho, organizei múltiplos serviços de criação de animais e de cultivo incessante da terra. Até de Jerusalém, muitas famílias já vieram buscar, em meus trabalhos, o indispensável recurso à vida!...
– Abençoado seja o teu esforço! – Replicou Jesus, cheio de bondade.
Zaqueu ganhou novas forças e murmurou:
– Os servos de minha casa nunca me encontraram sem a sincera disposição de servi-los.
– Regozijo-me contigo – exclamou o Messias – porque todos nós somos servos de Nosso Pai.
O publicano, que tantas vezes fora injustamente acusado, experimentou grande satisfação. A palavra de Jesus era uma recompensa valiosa à sua consciência dedicada ao bem coletivo. Extasiado, levantou-se e, estendendo ao Cristo as mãos, exclamou alegremente:
– Senhor, Senhor, tão profunda é a minha alegria, que repartirei hoje com todos os necessitados a metade dos meus bens e se nalguma coisa tenho prejudicado a alguém, indenizá-lo-ei, quadruplicadamente!...
Jesus o abraçou com um formoso sorriso e respondeu:
– Bem-aventurado és tu que agora contemplas em tua casa a verdadeira salvação.
Alguns dos discípulos, notadamente Felipe e Simão, não conseguiam ocultar as suas deduções desagradáveis. Mais ou menos aterrados às leis judaicas e atentando somente no sentido literal das lições do Messias, estranhavam aquela afabilidade de Jesus, aprovando os atos de um rico do mundo, confessadamente publicano e pecador. E, como o dono da casa se ausentasse da reunião por alguns minutos, afim de providenciar sobre a vinda de seus filhos para conhecerem o Messias, Pedro e outros prorromperam numa chuva de pequeninas perguntas: Por que tamanha aprovação a um rico mesquinho? As riquezas não eram condenadas pelo Evangelho do Reino? Por que não se hospedaram numa casa humilde e sim naquela vivenda suntuosa, em contraposição aos ensinos da humildade? Poderia alguém servir a Deus e ao mundo de pecados?
O Mestre deixou que cessassem as interrogações e esclareceu, com generosa firmeza:
– Amigos, acreditais, porventura, que o Evangelho tenha vindo ao mundo para, transformar todos os homens em miseráveis mendigos? Qual a esmola maior: a que socorre as necessidades de um dia ou a que adota providências para uma vida inteira?
No mundo vivem os que entesouram na terra e os que entesouraram no céu. Os primeiros escondem suas possibilidades no cofre da ambição e do egoísmo e, por vezes, atiram moedas douradas ao faminto que passa, procurando livrar-se de sua presença; os segundos ligam suas existências a vidas numerosas, fazendo de seus servos e dos auxiliares de esforços a continuação de sua própria família.
Estes últimos sabem empregar o sagrado depósito de Deus e são seus mordomos fiéis, à face do mundo.
Os apóstolos ouviam-no espantados. Felipe, desejoso de se justificar, depois da argumentação incisiva do Cristo, exclamou:
– Senhor, eu não compreendia bem, porque trazia o meu pensamento fixado nos pobres que a vossa bondade nos ensinou a amar.
– Entretanto, Felipe – elucidou o Mestre – é necessário não nos perdermos em viciações do sentimento. Nunca ouviste falar numa terra pobre, numa arvore pobre, em animais desamparados? E, acima de tudo, nesses quadros da natureza a que Zaqueu procura atender, não vês o homem, nosso irmão? Qual será o mais infeliz: o mendigo sem responsabilidade, a não ser a de sua própria manutenção, ou de pai carregado de filhinhos a lhe pedirem pão?
Como André o observasse, com grande brilho nos olhos, maravilhado com as suas explicações, o Mestre acentuou:
– Sim, amigos! ditosos os que repartirem os seus bens com os pobres; mas, bem-aventurados também os que consagrarem suas possibilidades aos movimentos da vida, cientes de que o mundo é um grande necessitado, e que sabem, assim, servir a Deus com as riquezas que lhes foram confiadas!
***
Em seguida, Zaqueu mandou servir uma grande mesa ao Senhor e aos discípulos, onde Jesus partiu o pão, partilhando do contentamento geral. Impulsionado por um júbilo insopitável, o chefe publicano de Jericó apresentou seus filhos a Jesus e mandou que seus servos festejassem aquela noite memorável para o seu coração.
Nos terreiros amplos da casa, crianças e velhos felizes cantaram hinos de cariciosa ventura, enquanto jovens em grande número tocavam flautas, enchendo de harmonias o ambiente.
Foi então que Jesus, reunidos todos, contou a formosa parábola dos talentos, conforme a narrativa dos apóstolos, e foi também que, pousando enternecido e generoso olhar sobre a figura de Zaqueu, seus lábios divinos pronunciaram as imorredouras palavras: – “Bem-aventurado sejas tu, servo bom e fiel!"

domingo, 3 de junho de 2012

FUNDAMENTOS GERAIS DE UMA CASA ESPÍRITA - continuação

2) Faixa etária

O segundo critério é a faixa etária dos que transitam no âmbito da casa espírita, pois a idade configura interesses próprios e impõem limites às maneiras de ajudá-los.
O Espírito, quando encarnado, passa por diversas situações nas quais assume características específicas e experimenta necessidades particulares, o que requer métodos diversos para atendê-lo, conforme seja criança, jovem, adulto ou  idoso. Isso ocorre tanto porque sua manifestação "se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos" (Q. 369/L.E), quanto porque a cada faixa etária corresponde uma necessidade a ser vivenciada pelo Espírito (Q. 382, 385, 992 e outras/LE). Em cada uma dessas etapas existenciais que o Espírito experimenta durante a sua vida corporal, porta características específicas como encarnado e tem necessidades diferenciadas, que requerem métodos diferenciados para atendê-las. Para caracterizar essas diferenças veja-se no quadro abaixo, incluído aqui apenas a título de exemplo, a diversidade de características que modela cada fase existencial do ser encarnado.

3) Vínculo com a instituição

O terceiro critério é o vínculo com a instituição daqueles que transitam no seu âmbito. Por tese geral, considera-se que todos os que estão em uma casa espírita são pessoas necessitadas e, portanto, encontram-se sob tratamento, isto é, na condição de assistidos. Parte deles, entretanto, procura realizar ou consolidar esse tratamento por meio do desenvolvimento de tarefas requeridas pelas diversas atividades da casa, transformando-se em seus trabalhadores. Assim, quanto ao vínculo com a instituição, existem duas maneiras de considerar aqueles que dela participam. A primeira é considerar ,todos, assistidos, independente se estão apenas na condição de beneficiados ou se também realizam algum trabalho.  A segunda é considerar apenas os trabalhadores, isto é, aqueles que, além de serem beneficiados, cooperam na realização das atividades.
A razão dessa consideração diferenciada para os trabalhadores é que nas atividades para assisti-los passa a ser possível, por já possuírem conhecimentos doutrinários, o uso de recursos mediúnicos de maneira mais direta e ostensiva. Ademais, além da assistência às suas dificuldades próprias é necessário auxiliá-los na realização de suas atividades na instituição, visando conscientizá-los das responsabilidades que todos os trabalhadores do bem passam a ter após comprometerem-se com os interesses do Cristo na Terra.  Já em relação a todos assistidos os compromissos da assistência devem visar apenas auxiliá-los em suas dificuldades, sem qualquer outro objetivo que não seja o de ajudá-los a liberarem-se de suas inquietudes.

Esta texto é parte integrante de um conjunto de instrumentos que operacionalizam uma proposta sistematizada e fundamentada de TRATAMENTO ESPIRITUAL na Casa Espírita. Além de um volume intitulado ROTEIROS SISTEMATIZADOS PARA ESTUDO EM GRUPO DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO e da Apostila de Implantação, a proposta inclui as diretrizes de funcionamento para: Recepção e Encaminhamento, Orientação Inicial, Entrevista, Estudo em Grupo do Evangelho, Passe, Atendimento Mediúnico, Reentrevista, Tratamento à Distância, Enfermaria de Emergência, Atendimento Direcionado a Casos Graves etc.
A responsabilidade por sua criação é da FUNDAÇÃO ALLAN KARDEC, estabelecida em Manaus – Amazonas
Seu uso pelo Movimento Espírita pode ser feito livremente, sem a necessidade de haver consulta prévia, inclusive para realizar as adaptações que se façam necessárias.

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