-->> ESTES DOIS TEXTOS PODEM AUXILIAR NO ESTUDO DO ROTEIRO DO EADE II - MÓDULO 4 - ROTEIRO 3 - A SOGRA DE PEDRO <<--
2 PRESENÇA EM CAFARNAUM
Amélia Rodrigues
Trigo de Deus – Divaldo Franco
A região escolhida para a base operacional do Seu ministério
não poderia ser outra em Israel.
De Jerico até às águas profundas do Genezaré o verde
luxuriante confraternizava com o azul transparente dos céus.
A terra, sorrindo flores silvestres e recoberta de árvores
generosas, recebia os ventos gentis do entardecer e das noites agradáveis,
salpicadas de estrelas luminíferas.
Por isso, Jesus elegeu a Galileia, onde a alma simples e nobre
das gentes afeiçoadas ao trabalho poderia fascinar-se com a música da Sua
palavra libertadora.
Em Nazaré, as dificuldades familiares e as lutas derivadas da
inveja colocaram as primeiras barreiras ante o desafio de implantar nas
paisagens dos corações o reino de Deus.
Na Galileia bucólica, porém, beijada pelas espumas incessantes
das vagas do mar, entre tamarindeiros e latadas floridas, os pescadores, os
vinhateiros, os agricultores, tinham os ouvidos abertos para a mensagem da luz.
Cafarnaum, Magdala, Dalmanuta, faziam recordar pérolas
engastadas na coroa de um rei, a duzentos metros abaixo do nível do
Mediterrâneo, encravadas como um diamante estelar para refletir a beleza do
firmamento.
Cafarnaum notabilizara-se pela sua Sinagoga, pelo movimentado
comércio e pelas águas piscosas de onde se retirava o alimento diário. E pelas
terras férteis que escorrem na direção das águas, atendidas por filetes de
córregos velozes que se avolumavam.
Ali, Jesus situou o fulcro do Seu ministério, e foi na casa de
Simão Bar Jonas que Ele estabeleceu o piloti para erguer posteriormente o Seu
reino.
Crivado de interrogações que a ingenuidade dos pescadores
arquitetava, Ele respondia mediante a linguagem florida das parábolas,
enternecendo-lhes as almas por usar as palavras simples da boca do povo e
profundas da sabedoria divina.
Inquirido a respeito da política arbitrária pela governança
injusta, desviava o assunto, apontando a política do amor e a governança divina
em cujo bojo todas as criaturas se encontram.
Observado com suspeição pela massa, e aceito sob desconfiança,
Ele enriquecia as mentes com os mais belos fenômenos da Sua poderosa força,
demonstrando, pelos sucessivos silêncios, ser o Messias esperado.
★
A doença que
fere o corpo procede do espírito mutilado.
O espírito
enfermo tem as suas raízes nas imperfeições que o caracterizam.
Enquanto o
homem não realiza o ministério da santificação interior, o corpo se abrirá em
chagas purulentas e o coração ficará despedaçado de angústia.
Não seja,
pois, de estranhar, que o séquito das dores compunha a sinfonia trágica das
necessidades humanas, onde quer que Ele aparecesse.
Cantor da
vida, mergulhava no barro pegajoso das inquietações e injunções dolorosas
daqueles a quem veio socorrer.
Consolador,
via-se constrangido a descer às questiúnculas do poviléu, para dirimir
conflitos e conduzir a Deus com segurança as almas ingênuas. Mensageiro da cura
total, detinha-se a remendar os farrapos orgânicos que as mentes invigilantes
voltavam a romper.
Não se
cansava nunca.
Jamais se
escusava.
Em tempo
algum se omitia, a ponto de entregar-se em pujança de vida para redimir todas
as vidas.
★
Iniciando o
ministério, chegou à casa de Simão e encontrou-lhe enferma a sogra que
definhava sob injunção de febre, e, tocando-lhe a mão, fez que se arrefecesse a
temperatura elevada.
Feliz, de
imediato, a veneranda mulher, recuperada nas forças, serviu ao ritmo da festa
que lhe estrugia no sentimento como flores de gratidão.
Porque a
notícia corresse pela circunvizinhança, que Ele ali se encontrava na condição
de Grande Luz, afluíram, desesperados, os enfermos, para que lhes retificassem
as conjunturas orgânicas...
Médiuns em
aturdimento, sob injunção de obsessores vorazes, receberam a mão generosa que
os libertou da alucinação alienadora.
Subjugados
em largos períodos de obsessões, foram desalgemados e colocados na claridade
inefável da saúde.
Portadores
de tormentos profundos do ser, sob o domínio impiedoso de hostes infelizes,
recuperaram a lucidez para resgatarem sob outras condições, com a mente livre
das punições selvagens da treva dominadora...
Por essa
razão, o Seu nome foi repetido de boca em boca, enquanto o mar, em vagas
sucessivas* aplaudia as homenagens que Lhe eram dirigidas em ósculos de espumas
brancas nas areias ávidas.
★
Jesus é o
ápice das aspirações humanas.
Enquanto
todos sorriam de júbilos, Ele compreendia quanto era célere o reconhecimento
humano e fugaz a afeição daqueles amigos.
Não
obstante, os amou, a fim de que eles tivessem vida e vida abundante.
Não foi sem razão
que escolheu aquela região, especialmente Cafarnaum, para que nas noites
perfumadas da Galileia ridente, em arameu Ele cantasse a epopeia do
Evangelho aos corações, onde a musicalidade sublime da natureza em flor
inaugurasse a era do amor para todo o sempre.
06 - O
BENDITO AGUILHÃO
Irmão x
Contos e apólogos – Chico Xavier
Atendendo a certas
interrogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum,
Jesus explicava solícito:
-Destina-se a Boa-Nova,
sobretudo, à vitória da fraternidade.
Nosso Pai espera que os
povos do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esquecida para
sempre.
Não é justo combatam as
criaturas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os
patrimônios da vida, dos quais somos todos simples usufrutuários.
Operemos, assim, contra
a inveja que ateia o incêndio da cobiça, contra a vaidade que
improvisa a loucura e
contra o egoísmo que isola as almas entre si....
Naturalmente, a grande
transformação não surgirá do inesperado.
Santifiquemos o verbo
que antecipa a realização.
No pensamento bem
conduzido e na prece fervorosa, receberemos as energias imprescindíveis à ação
que nos cabe desenvolver.
A paciência no ensino
garantirá êxito à sementeira, a esperança fiel alcançará o Reino divino, e a
nossa palavra, aliada ao amor que auxilia, estabelecerá o império da infinita
Bondade sobre o mundo inteiro.
Há sombras e moléstias
por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas
viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece
adequada solução ao grande problema.
Restaurado o espírito,
em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as
manifestações.
Em face da pausa
natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, Pedro interferiu,
perguntando:
-Senhor, as tuas
afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo que o ensino da Boa Nova
estenderá a felicidade sobre toda a Terra... No entanto, não concordas que as
enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as
doenças? Se proporcionássemos duradouro alívio a quantos padecem aflições do
corpo? Não acreditas que, assim instalaríamos bases mais seguras ao Reino de
Deus? E Filipe, ajuntou algo tímido?
-Grande realidade!...
Não é fácil concentrar ideias no Alto, quando o sofrimento físico nos incomoda.
É quase impossível
meditar nos problemas da alma, se a carne permanece abatida de achaques...
Outros companheiros se
exprimiram, apoiando o plano de proteção integral aos sofredores.
Jesus deixou que a
serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade, comunicou aos amigos que,
no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados,
antes da pregação.
Com efeito, no outro
dia, desde manhãzinha, o Médico Celeste, acolitado pelos apóstolos, impôs suas
milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes.
No curso de algumas
horas, foram libertados mais de cem prisioneiros da sarna, do cancro, do
reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão...
Os enfermos penetravam
o gabinete improvisado ao ar livre, com manifesta expressão de abatimento, e
voltavam jubilosos.
Tão logo reapareciam,
de olhar fulgurante, restituídos à alegria, à tranquilidade e ao movimento,
formulava Pedro o convite fraterno para o banquete da verdade e luz.
O Mestre, em breves instantes,
falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito;
demonstraria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da
renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso
caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra.
Os alegres
beneficiados, contudo, se afastavam céleres, entre frases apressadas de
agradecimento e desculpa. Declaravam-se alguns ansiosamente esperados no
ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocupações
vulgares, com urgência.
Com a cura da última
feridenta, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos
doze aprendizes.
Desagradável silêncio
baixou sobre a reduzida assembleia. O pescador de Cafarnaum endereçou
significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou
compassivo:
-Pedro, estuda a
experiência e aguarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de
que o sofrimento é criação do próprio homem,
ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta.
E sorrindo,
expressivamente, rematou:
-A carne enfermiça é
remédio salvador para o espírito envenenado. Se o bendito aguilhão da
enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da
Terra para as culminâncias do Paraíso.
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