sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A SOGRA DE PEDRO

-->> ESTES DOIS TEXTOS PODEM AUXILIAR NO ESTUDO DO ROTEIRO DO EADE II - MÓDULO 4 - ROTEIRO 3 - A SOGRA DE PEDRO <<--

2 PRESENÇA EM CAFARNAUM
Amélia Rodrigues
Trigo de Deus – Divaldo Franco
A região escolhida para a base operacional do Seu ministério não poderia ser outra em Israel.
De Jerico até às águas profundas do Genezaré o verde luxuriante confraternizava com o azul transparente dos céus.
A terra, sorrindo flores silvestres e recoberta de árvores generosas, recebia os ventos gentis do entardecer e das noites agradáveis, salpicadas de estrelas luminíferas.
Por isso, Jesus elegeu a Galileia, onde a alma simples e nobre das gentes afeiçoadas ao trabalho poderia fascinar-se com a música da Sua palavra libertadora.
Em Nazaré, as dificuldades familiares e as lutas derivadas da inveja colocaram as primeiras barreiras ante o desafio de implantar nas paisagens dos corações o reino de Deus.
Na Galileia bucólica, porém, beijada pelas espumas incessantes das vagas do mar, entre tamarindeiros e latadas floridas, os pescadores, os vinhateiros, os agricultores, tinham os ouvidos abertos para a mensagem da luz.
Cafarnaum, Magdala, Dalmanuta, faziam recordar pérolas engastadas na coroa de um rei, a duzentos metros abaixo do nível do Mediterrâneo, encravadas como um diamante estelar para refletir a beleza do firmamento.
Cafarnaum notabilizara-se pela sua Sinagoga, pelo movimentado comércio e pelas águas piscosas de onde se retirava o alimento diário. E pelas terras férteis que escorrem na direção das águas, atendidas por filetes de córregos velozes que se avolumavam.
Ali, Jesus situou o fulcro do Seu ministério, e foi na casa de Simão Bar Jonas que Ele estabeleceu o piloti para erguer posteriormente o Seu reino.
Crivado de interrogações que a ingenuidade dos pescadores arquitetava, Ele respondia mediante a linguagem florida das parábolas, enternecendo-lhes as almas por usar as palavras simples da boca do povo e profundas da sabedoria divina.
Inquirido a respeito da política arbitrária pela governança injusta, desviava o assunto, apontando a política do amor e a governança divina em cujo bojo todas as criaturas se encontram.
Observado com suspeição pela massa, e aceito sob desconfiança, Ele enriquecia as mentes com os mais belos fenômenos da Sua poderosa força, demonstrando, pelos sucessivos silêncios, ser o Messias esperado.
A doença que fere o corpo procede do espírito mutilado.
O espírito enfermo tem as suas raízes nas imperfeições que o caracterizam.
Enquanto o homem não realiza o ministério da santificação interior, o corpo se abrirá em chagas purulentas e o coração ficará despedaçado de angústia.
Não seja, pois, de estranhar, que o séquito das dores compunha a sinfonia trágica das necessidades humanas, onde quer que Ele aparecesse.
Cantor da vida, mergulhava no barro pegajoso das inquietações e injunções dolorosas daqueles a quem veio socorrer.
Consolador, via-se constrangido a descer às questiúnculas do poviléu, para dirimir conflitos e conduzir a Deus com segurança as almas ingênuas. Mensageiro da cura total, detinha-se a remendar os farrapos orgânicos que as mentes invigilantes voltavam a romper.
Não se cansava nunca.
Jamais se escusava.
Em tempo algum se omitia, a ponto de entregar-se em pujança de vida para redimir todas as vidas.
Iniciando o ministério, chegou à casa de Simão e encontrou-lhe enferma a sogra que definhava sob injunção de febre, e, tocando-lhe a mão, fez que se arrefecesse a temperatura elevada.
Feliz, de imediato, a veneranda mulher, recuperada nas forças, serviu ao ritmo da festa que lhe estrugia no sentimento como flores de gratidão.
Porque a notícia corresse pela circunvizinhança, que Ele ali se encontrava na condição de Grande Luz, afluíram, desesperados, os enfermos, para que lhes retificassem as conjunturas orgânicas...
Médiuns em aturdimento, sob injunção de obsessores vorazes, receberam a mão generosa que os libertou da alucinação alienadora.
Subjugados em largos períodos de obsessões, foram desalgemados e colocados na claridade inefável da saúde.
Portadores de tormentos profundos do ser, sob o domínio impiedoso de hostes infelizes, recuperaram a lucidez para resgatarem sob outras condições, com a mente livre das punições selvagens da treva dominadora...
Por essa razão, o Seu nome foi repetido de boca em boca, enquanto o mar, em vagas sucessivas* aplaudia as homenagens que Lhe eram dirigidas em ósculos de espumas brancas nas areias ávidas.
Jesus é o ápice das aspirações humanas.
Enquanto todos sorriam de júbilos, Ele compreendia quanto era célere o reconhecimento humano e fugaz a afeição daqueles amigos.
Não obstante, os amou, a fim de que eles tivessem vida e vida abundante.
Não foi sem razão que escolheu aquela região, especialmente Cafarnaum, para que nas noites perfumadas da Galileia ridente, em arameu Ele cantasse a epopeia do Evangelho aos corações, onde a musicalidade sublime da natureza em flor inaugurasse a era do amor para todo o sempre.


06 - O BENDITO AGUILHÃO
Irmão x
Contos e apólogos – Chico Xavier
Atendendo a certas interrogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum, Jesus explicava solícito:
-Destina-se a Boa-Nova, sobretudo, à vitória da fraternidade.
Nosso Pai espera que os povos do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esquecida para sempre.
Não é justo combatam as criaturas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os patrimônios da vida, dos quais somos todos simples  usufrutuários.
Operemos, assim, contra a inveja que ateia o incêndio da cobiça, contra a vaidade que
improvisa a loucura e contra o egoísmo que isola as almas entre si....
Naturalmente, a grande transformação não surgirá do inesperado.
Santifiquemos o verbo que antecipa a realização.
No pensamento bem conduzido e na prece fervorosa, receberemos as energias imprescindíveis à ação que nos cabe desenvolver.
A paciência no ensino garantirá êxito à sementeira, a esperança fiel alcançará o Reino divino, e a nossa palavra, aliada ao amor que auxilia, estabelecerá o império da infinita Bondade sobre o mundo inteiro.
Há sombras e moléstias por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece adequada solução ao grande problema.
Restaurado o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as  manifestações.
Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, Pedro interferiu, perguntando:
-Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo que o ensino da Boa Nova estenderá a felicidade sobre toda a Terra... No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionássemos duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas que, assim instalaríamos bases mais seguras ao Reino de Deus? E Filipe, ajuntou algo tímido?
-Grande realidade!... Não é fácil concentrar ideias no Alto, quando o sofrimento físico nos incomoda.
É quase impossível meditar nos problemas da alma, se a carne permanece abatida de achaques...
Outros companheiros se exprimiram, apoiando o plano de proteção integral aos sofredores.
Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade, comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados, antes da pregação.
Com efeito, no outro dia, desde manhãzinha, o Médico Celeste, acolitado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes.
No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem prisioneiros da sarna, do cancro, do reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão...
Os enfermos penetravam o gabinete improvisado ao ar livre, com manifesta expressão de abatimento, e voltavam jubilosos.
Tão logo reapareciam, de olhar fulgurante, restituídos à alegria, à tranquilidade e ao movimento, formulava Pedro o convite fraterno para o banquete da verdade e luz.
O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra.
Os alegres beneficiados, contudo, se afastavam céleres, entre frases apressadas de agradecimento e desculpa. Declaravam-se alguns ansiosamente esperados no ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocupações vulgares, com urgência.
Com a cura da última feridenta, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes.
Desagradável silêncio baixou sobre a reduzida assembleia. O pescador de Cafarnaum endereçou significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou compassivo:
-Pedro, estuda a experiência e aguarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos  esqueçamos de
que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer-se para a vida mais alta.
E sorrindo, expressivamente, rematou:
-A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado. Se o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do Paraíso.

Feed de Artigos do Blog - Doutrina Espírita

Perguntas - respostas para o e-mail solicitado