quarta-feira, 24 de junho de 2015

Influência dos Espíritos nos acontecimentos da Vida



Livro dos Espíritos (Allan Kardec)


525. Exercem os Espíritos alguma influência nos acontecimentos da vida?
“Certamente, pois que vos aconselham.”
a) — Exercem essa influência por outra forma que não  apenas pelos pensamentos que sugerem, isto é, têm ação direta sobre o cumprimento das coisas?
“Sim, mas nunca atuam fora das leis da Natureza.”

Imaginamos erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de milagres e os figuramos sempre
armados de uma varinha mágica. Por não ser assim é que oculta nos parece a intervenção que têm nas coisas deste mundo e muito natural o que se executa com o concurso deles. Assim é que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se por acaso; inspirando a alguém a idéia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso próprio, conserva sempre o seu livre-arbítrio.

526. Tendo, como têm, ação sobre a matéria, podem os Espíritos provocar certos efeitos, com o objetivo de que se dê um acontecimento? Por exemplo: um homem tem que morrer; sobe uma escada, a escada se quebra e ele morre da queda. Foram os Espíritos que quebraram a escada, para que o destino daquele homem se cumprisse?
“É exato que os Espíritos têm ação sobre a matéria, mas para cumprimento das leis da Natureza, não para as derrogar, fazendo que, em dado momento, ocorra um sucesso inesperado e em contrário àquelas leis. No exemplo que figuraste, a escada se quebrou porque se achava podre, ou por não ser bastante forte para suportar o peso de um homem. Se era destino daquele homem perecer de tal maneira, os Espíritos lhe inspirariam a idéia de subir a escada em questão, que teria de quebrar-se com o seu peso, resultando-lhe daí a morte por um efeito natural e sem que para isso fosse mister a produção de um milagre.”

527. Tomemos outro exemplo, em que não entre a matéria em seu estado natural. Um homem tem que morrer fulminado pelo raio. Refugia-se debaixo de uma árvore. Estala o raio e o mata. Poderá dar-se tenham sido os Espíritos que provocaram a produção do raio e que o dirigiram para o homem?
“Dá-se o mesmo que anteriormente. O raio caiu sobre aquela árvore em tal momento, porque estava nas leis da Natureza que assim acontecesse. Não foi encaminhado para a árvore, por se achar debaixo dela o homem. A este, sim, foi inspirada a idéia de se abrigar debaixo de uma árvore sobre
a qual cairia o raio, porquanto a árvore não deixaria de ser atingida, só por não lhe estar debaixo da fronde o homem.”

528. No caso de uma pessoa mal-intencionada disparar sobre outra um projetil que apenas lhe passe perto sem a atingir, poderá ter sucedido que um Espírito bondoso haja desviado o projetil?
“Se o indivíduo alvejado não tem que perecer desse modo, o Espírito bondoso lhe inspirará a idéia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a arma, de sorte a fazê-lo apontar mal, porquanto, uma vez disparada a arma, o projetil segue a linha que tem de percorrer.”

529. Que se deve pensar das balas encantadas, de que falam algumas lendas e que fatalmente atingem o alvo?
“Pura imaginação. O homem gosta do maravilhoso e não se contenta com as maravilhas da Natureza.”

a) — Podem os Espíritos que dirigem os acontecimentos terrenos ter obstada sua ação por Espíritos que queiram o contrário?
“O que Deus quer se executa. Se houver demora na execução, ou lhe surjam obstáculos, é porque ele assim o quis.”

530. Não podem os Espíritos levianos e zombeteiros criar pequenos embaraços à realização dos nossos projetos e transtornar as nossas previsões? Serão eles, numa palavra, os causadores do que chamamos pequenas misérias da vida humana?
“Eles se comprazem em vos causar aborrecimentos que representam para vós provas destinadas a exercitar a vossa paciência. Cansam-se, porém, quando vêem que nada conseguem. Entretanto, não seria justo, nem acertado, imputar-lhes todas as decepções que experimentais e de que sois os principais culpados pela vossa irreflexão. Fica certo de que, se a tua louça se quebra, é mais por desazo teu do que por culpa dos Espíritos.”

a) — Destes, os que provocam contrariedades obram impelidos por animosidade pessoal, ou assim procedem contra qualquer, sem motivo determinado, por pura malícia?
“Por uma e outra coisa. Às vezes os que assim vos molestam são inimigos que granjeastes nesta ou em precedente existência. Doutras vezes, nenhum motivo há.”

531. Extingue-se-lhes com a vida corpórea a malevolência dos seres que nos fizeram mal na Terra?
“Muitas vezes reconhecem a injustiça com que procederam e o mal que causaram. Mas, também, não é raro que continuem a perseguir-vos, cheios de animosidade, se Deus o permitir, por ainda vos experimentar.”

a) — Pode-se pôr termo a isso? Por que meio?
“Podeis. Orando por eles e lhes retribuindo o mal com o bem, acabarão compreendendo a injustiça do proceder deles. Demais, se souberdes colocar-vos acima de suas maquinações, deixar-vos-ão, por verificarem que nada lucram.”

A experiência demonstra que alguns Espíritos continuam em outra existência a exercer as vinganças que vinham tomando e que assim, cedo ou tarde, o homem paga o mal que tenha feito a outrem.

532. Têm os Espíritos o poder de afastar de certas pessoas os males e de favorecê-las com a prosperidade?
“De todo, não; porquanto, há males que estão nos decretos da Providência. Amenizam-vos, porém, as dores, dando-vos paciência e resignação.
“Ficai igualmente sabendo que de vós depende muitas vezes poupar-vos aos males, ou, quando menos, atenuá-los. A inteligência, Deus vo-la outorgou para que dela vos sirvais e é principalmente por meio da vossa inteligência que os Espíritos vos auxiliam, sugerindo-vos ideias propícias ao vosso bem. Mas, não assistem senão os que sabem assistir-se a si mesmos. Esse o sentido destas palavras: Buscai e achareis, batei e se vos abrirá.
“Sabei ainda que nem sempre é um mal o que vos parece sê-lo. Freqüentemente, do que considerais um mal sairá um bem muito maior. Quase nunca compreendeis isso, porque só atentais no momento presente ou na vossa própria pessoa.”

533. Podem os Espíritos fazer que obtenham riquezas os que lhes pedem que assim aconteça?
“Algumas vezes, como prova. Quase sempre, porém, recusam, como se recusa à criança a satisfação de um pedido inconsiderado.”

a) — São os bons ou os maus Espíritos que concedem esses favores?
“Uns e outros. Depende da intenção. As mais das vezes, entretanto, os que os concedem são os Espíritos que vos querem arrastar para o mal e que encontram meio fácil de o conseguirem, facilitando-vos os gozos que a riqueza proporciona.”

534. Será por influência de algum Espírito que, fatalmente, a realização dos nossos projetos parece encontrar obstáculos?
“Algumas vezes é isso efeito da ação dos Espíritos; muito mais vezes, porém, é que andais errados na elaboração e na execução dos vossos projetos. Muito influem nesses casos a posição e o caráter do indivíduo. Se vos obstinais em ir por um caminho que não deveis seguir, os Espíritos nenhuma
culpa têm dos vossos insucessos. Vós mesmos vos constituís em vossos maus gênios.”

535. Quando algo de venturoso nos sucede é ao Espírito nosso protetor que devemos agradecê-lo?
“Agradecei primeiramente a Deus, sem cuja permissão nada se faz; depois, aos bons Espíritos que foram os agentes da sua vontade.”

a) — Que sucederia se nos esquecêssemos de agradecer?
“O que sucede aos ingratos.”

b) — No entanto, pessoas há que não pedem nem agradecem e às quais tudo sai bem!
“Assim é, de fato, mas importa ver o fim. Pagarão bem caro essa felicidade de que não são merecedoras, pois quanto mais houverem recebido, tanto maiores contas terão que prestar.”

459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”

465. Com que fim os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?
“Para que sofrais como eles sofrem.”

466. Por que permite Deus que Espíritos nos excitem ao mal?
“Os Espíritos imperfeitos são instrumentos próprios a pôr em prova a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito que és, tens que progredir na ciência do infinito. Daí o passares pelas provas do mal, para chegares ao bem. A nossa missão consiste em te colocarmos no bom caminho. Desde que sobre ti atuam influências más, é que as atrais, desejando o mal; porquanto os Espíritos inferiores correm a te auxiliar no mal, logo que desejes praticá-lo. Só quando queiras o mal, podem eles ajudar-te para a prática do mal. Se fores propenso ao assassínio, terás em torno de ti uma nuvem de Espíritos a te alimentarem no íntimo esse pendor. Mas, outros também te cercarão, esforçando-se por te influenciarem para o bem, o que restabelece o equilíbrio da balança e te deixa senhor dos teus atos.”

É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devamos seguir e a liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem sobre nós.

467. Pode o homem eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal?
“Pode, visto que tais Espíritos só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.”

472. Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal se limitam a aproveitar as circunstâncias em que nos achamos, ou podem também criá-las?
“Aproveitam as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-vos, mau grado vosso, para aquilo que cobiçais. Assim, por exemplo, encontra um homem, no seu caminho, certa quantia. Não penses tenham sido os Espíritos que a trouxeram para ali. Mas, eles podem inspirar ao homem a ideia de tomar aquela direção e sugerir-lhe depois a de se apoderar da importância achada, enquanto outros lhe sugerem a de restituir o dinheiro ao seu legítimo dono. O mesmo se dá com relação a todas as demais tentações.”


567. Costumam os Espíritos imiscuir-se em nossos prazeres e ocupações?
“Os Espíritos vulgares, como dizes, costumam. Esses vos rodeiam constantemente e com frequência tomam parte muito ativa no que fazeis, de conformidade com suas naturezas. Cumpre assim aconteça, porque, para serem os homens impelidos pelas diversas veredas da vida, necessário é que se lhes excitem ou moderem as paixões.”

Com as coisas deste mundo os Espíritos se ocupam conformemente ao grau de elevação ou de inferioridade em que se achem. Os Espíritos superiores dispõem, sem dúvida, da faculdade de examiná-las nas suas mínimas particularidades, mas só o fazem na medida em que isso seja útil ao progresso. Unicamente os Espíritos inferiores ligam a essas coisas uma importância relativa às reminiscências que ainda conservam e às ideias materiais que ainda se não extinguiram neles.


Comentário de Kardec 584.
Os Espíritos encarnados têm ocupações inerentes às suas existências corpóreas. No estado de erraticidade, ou de desmaterialização, tais ocupações são adequadas ao grau de adiantamento deles.
Uns percorrem os mundos, se instruem e preparam para nova encarnação.
Outros, mais adiantados, se ocupam com o progresso, dirigindo os acontecimentos e sugerindo idéias que lhe sejam propícias. Assistem os homens de gênio que concorrem para o adiantamento da Humanidade.
Outros encarnam com determinada missão de progresso.
Outros tomam sob sua tutela os indivíduos, as famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos quais se constituem os anjos guardiães, os gênios protetores e os Espíritos familiares.
Outros, finalmente, presidem aos fenômenos da Natureza, de que se fazem os agentes diretos.
Os Espíritos vulgares se imiscuem em nossas ocupações e diversões.
Os impuros ou imperfeitos aguardam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal, é pelo despeito de ainda não poderem gozar do bem.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

PARÁBOLA SIMPLES



Pelo Espírito Irmão X
Do Livro: Contos e Apólogos
Psicografia de Francisco Cândido Xavier



Diversos aprendizes rodeavam o Senhor, em Cafarnaum, em discussão acesa, com respeito ao poder da palavra, acentuando-lhes os bens e os males.
Propunham alguns o verbo contundente para a regeneração do mundo, enquanto outros preconizavam a frase branda e compreensiva.
Reparando o tom de azedia nos companheiros irritadiços, o Mestre interferiu e contou uma parábola simples.
Certa feita – narrou, com doçura–, o Gênio do Bem, atendente à prece de um lavrador de vida singela, emitiu um raio de luz e insuflou-o sobre o coração dele, em forma de pequenina observação carinhosa e estimulante, através de uma boca otimista. No peito do modesto homem do campo, a fagulha acentuou-se, inflamando-lhe os sentimentos mais elevados numa chama sublime de ideal do Bem, derramando-se para todas as pessoas que povoavam a paisagem.
Em breve tempo, o raio minúsculo era uma fonte de claridade a criar serviço edificante em todos os círculos do sítio abençoado; sob a sua atuação permanente, os trigais cresceram com promessas mais amplas e a vinha robusta anunciava abundância e alegria.
Converteu-se o raio de luz em esperança e felicidade na alma dos lavradores e a seara bem provida avançou, triunfal, do campo venturoso para todas as regiões que o cercavam, à maneira de mensagem sublime de paz e fartura.
Muita gente ocorreu aquele recanto risonho e calmo, tentando aprender a ciência da produção fácil e primorosa e conduziu para as zonas mais distantes os processos pacíficos de esforço e colaboração, que o lume da boa vontade ali instalara no ânimo geral.
Ao fim de alguns poucos anos, o raio de luz transformara-se numa época de colheitas sadias para a tranquilidade popular.
O Mestre fez ligeiro intervalo e continuou:
–Veio, porém, um dia em que o povo afortunado, orgulhando–se agora do poderio obtido com o auxílio oculto da gratidão que devia à magnanimidade celeste e pretendeu humilhar uma nação vizinha. Isso bastou para que grande brecha se abrisse à influência do Gênio do Mal, que emitiu um estilete de treva sobre ao coração de uma pobre mulher do povo, por intermédio de uma boca maldizente.
A infortunada criatura não mais sentiu a claridade interior da harmonia e deixou que o traço de sombra se multiplicasse indefinidamente em seu íntimo de mãe enceguecida... Logo após, despejou a sua provisão de trevas, já transbordante, na alma de dois filhos que trabalhavam num extenso vinhedo e ambos, envenenados por pensamentos escuros de revolta, facilmente encontraram companheiros dispostos a absorver-lhes os espinhos invisíveis de indisciplina e maldade, incendiando vasta propriedade e empobrecendo vários senhores de rebanhos e terras, dantes prósperos.
A perversa iniciativa encontrou vários imitadores e, em tempo curto, estabeleceram-se estéreis conflitos em todo o reino.
Administradores e servos confiaram-se, desvairados, a duelo mortal, trazendo o domínio da miséria que passou a imperar, detestada e cruel para todos.
O Divino amigo silenciou por minutos longos e acrescentou:
– Nesta parábola humilde, temos o símbolo da palavra preciosa e da palavra infeliz. Uma frase de incentivo e bondade é um raio de luz, suscetível de erguer uma nação inteira, mas uma sentença perturbadora pode transportar todo um povo à ruína...
Pensou, pensou e concluiu:
– Estejamos certos de que se lhe oferece à paisagem, a treva rola também, enegrecendo o que vai encontrando. Em verdade, a ação é dos braços, mas a direção vem sempre do pensamento, através da língua. E sendo todo homem filho de Deus e herdeiro dEle, na criação e na extensão da vida, ouça quem tiver “ouvidos de ouvir”.

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FONTES DE PESQUISA SOBRE "A PALAVRA"

“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15:7,8)
 O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.(Mateus 15,11)
“Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus 15:17-19)

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem." - Paulo. (Efésios, 4:29)

“Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca...
Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da mágoa, assoma do intimo, aviventada pelo sopro do desespero. Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure justificada, reflete para falar.
A palavra não foi criada para converter-se em raio da morte...
Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que necessário a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, porém, que Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio e sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.” (Emmanuel – Livro da Esperança - Amenidades)

“Palavras são agentes na construção de todos os edifícios da vida. Lancemo-las na direção dos outros, com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos venham elas até nós...
E sempre que irritação nos visite, guardemo-nos em silêncio, de vez que a cólera é tempestade magnética, no mundo da alma, e qualquer palavra que arremessamos no momento da cólera, é semelhante ao raio fulminatório que ninguém sabe onde vai cair.” (Emmanuel – Livro da Esperança – Verbo Nosso)


“Não esquecermos em tempo algum o poder criativo da palavra. O que falas é dito com toda a força daquilo que és. Por isso, o problema não se limita unicamente a falar, mas a falar para o bem com a poda de tudo o que se faça inconveniente ao equilíbrio ou à segurança do próximo.
Precioso é o ministério daqueles que suprimem a penúria material, e sublime será sempre o apostolado daqueles que ensinam, dissolvendo o nevoeiro da ignorância; entretanto, não menos valioso é o trabalho daqueles outros que facilitam a estrada dos semelhantes.
Qualquer de nós sabe remover um perigo na via pública ou extirpar a planta venenosa no chão doméstico, atentos à nossa responsabilidade na vida comunitária.
Como não auxiliar o companheiro de experiência, calando o apontamento capaz de amargar-lhe a existência, tão sequiosa de paz quanto a nossas Para isso não é necessário cultivar indisposições com aqueles amigos outros que ainda falam, desconhecendo, muita vez, as realidades do espírito. Basta instalar o filtro da compreensão na acústica da alma. Tudo o que nos traumatize os sentimentos é justo arredar do nosso intercâmbio com os demais, porquanto a regra áurea deve ser chamada a legislar no assunto, a fim cio que nos venhamos a falar a outrem aquilo que não desejamos que outrem nos fale.
Observemos, sobretudo, na condição de criaturas terrestres, o equipamento de que a Sabedoria Divina nos revestiu para controle dos recursos verbais: dois olhos, dois ouvidos; todavia, tão-somente uma boca e, assim mesmo, antes que a palavra se prefigure nos lábios, temos os impulsos do coração a se projetarem para o cérebro e, no cérebro, esses mesmos impulsos se transformam em pensamentos, suscetíveis de sofrer rigorosa seleção, qual acontece aos alimentos em casa.
Examinemos todas as ideias que nos surjam à cabeça, e, assim como sabemos evitar as batatas deterioradas, toda vez que as ideias não edifiquem, desliguemos as tomadas da atenção, a fim de que nos decidamos a empregar esquecimento e distância com elas.” (Pelo Espírito Emmanuel – Do livro Alma e Coração - Falar e Ouvir)



“A palavra é um fio de sons carregados por nossos sentimentos; em razão disso, aquilo que sentimos é o remoinho vibratório que nos conduzirá a palavra ao lugar certo que nos propomos atingir. Quando falamos, cada qual de nós apresenta o próprio retrato espiritual passado a limpo.
Conversando, dialogamos; dialogando, aprendemos. Quem condena atira uma pedra que voltará sempre ao ponto de origem.
As artes são canais de expressão derivados do verbo: a escultura é a palavra coagulada, a pintura é a palavra colorida, a dança é a palavra em movimento, a música é a palavra em harmonia; mas a palavra, em si, é a própria vida.
Quando haja de reclamar isso ou aquilo, espere que as emoções se mostrem pacificadas; um grito de cólera, as vezes, tem a força de um punhal.
Sempre que possa e quanto possa abstenha-se de comentar o mal; a palavra cria a imagem e a imagem atrai a influência que lhe diz respeito. Você falou, começou a fazer.
Não fale na treva para que a treva não comece a caminhar por sua conta.
Abençoadas serão as suas palavras sempre que você fale situando-se na posição dos ausentes ou no lugar dos que lhe ouvem a voz.” (Pelo Espírito André Luiz – Do Livro Respostas da Vida – Conversa)

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