Sustentar a campanha de esclarecimento contra a
influência do mal, preservando-nos contra a criminalidade, é dever nosso.
Em nos referindo, porém, ao plano familiar,
surge sempre o instante em que somos constrangidos a ver alguns dos nossos
entes queridos à beira de experiências pessoais que consideramos difíceis e
dolorosas.
Nessas ocasiões, supomos perceber toda a
extensão dos perigos a que se expõem e costumamos temer por eles; às vezes,
caminham na direção de graves riscos que conhecemos de oitiva; noutras
circunstâncias, dirigem-se para situações embaraçosas, em cujas correntes de
sombra admitimos haver, noutro tempo, sofrido ou navegado.
Que fazer em lances desses, nos quais
surpreendemos corações amados, à feição de viajores desprevenidos, escalando o
monte agressivo da tentação, ameaçados por avalanches que talvez lhes arrasem
as melhores possibilidades da existência?
Antes de tudo, reconheçamos que nenhuma
criatura se sente feliz com as nossas intervenções indébitas, no sentido de
lhes cercear a liberdade de tentar, por si mesmas, a construção da própria
felicidade.
Cada um de nós é um mundo por si, porque o
Criador nos dotou a cada um de características individuais, inconfundíveis.
Emoções e pensamentos, tanto quanto as
impressões digitais, variam de pessoa a pessoa; consequentemente, determinados
caminhos que nos fizeram menos felizes, em outra época, serão provavelmente os mais
adequados à edificação da vitória espiritual sonhada pelos entes que amamos,
enquanto que certas criaturas que nos parecem menos simpáticas serão
possivelmente as mais capazes de resolver-lhes os problemas que, talvez, sem o
concurso dessas mesmas criaturas, permanecessem indefinidamente insolúveis.
Por outro lado, as circunstâncias que rodeiam
agora os seres que abençoamos com a nossa extremada afeição podem não ser
idênticas àquelas com que fomos defrontados, nos dias que se foram, e, muitas
vezes, nas condições em que falimos, revelar-se-ão eles muito mais vigorosos
que nós mesmos, impondo-se a ocorrências desagradáveis e criando talvez
respeitáveis padrões de conduta para o reconforto e a segurança de muitos.
Tenhamos, assim, suficiente cautela, para não
ferir a independência pessoal daqueles a quem amamos, neles enxergando filhos
de Deus, quanto nós próprios, com necessidades semelhantes às nossas, segundo o
preço das experiências que se proponham a pagar, no mesmo critério com que
temos resgatado o custo das nossas. E sempre que os vejamos em supostos
perigos, saibamos que a melhor forma de auxílio que lhe poderemos prestar será
invariavelmente o amparo da oração e a bênção da boa palavra com que se sintam
encorajados a trabalhar e servir, lutar e vencer com o apoio do Bem.
Pelo
Espírito Emmanuel.
Livro Encontro
Marcado.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.